A constituição histórica da leitura como objeto de ensino: o discurso oficial e o didático (1930-1950).
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/7799 |
Resumo: | Esta dissertação propõe uma reflexão sobre a constituição histórica da leitura como objeto de ensino no discurso de programas e manuais de ensino brasileiros ao longo do século XX. Nesse processo de constituição, compreendemos que a leitura não se representa de forma homogênea, mas a partir de efeitos de sentidos heterogêneos, ora retomados ora deslocados, tendo em vista as condições sócio-históricas e discursivas de cada momento. Considerando tal pressuposto, pretendemos investigar a constituição histórica da leitura e do sujeito-leitor no discurso pedagógico de programas e manuais de três períodos da história brasileira, correspondentes às décadas de 1930, 1940 e 1950. Em função deste objetivo geral, estabelecemos os seguintes objetivos específicos: 1) Identificar as representações da leitura, do sujeito-leitor e dos modos de ensinar produzidos no discurso dos programas e manuais de ensino selecionados como unidades de análise em cada período; 2) Verificar em que formações discursivas se inscrevem essas representações; 3) Caracterizar os movimentos de interpretação da leitura no discurso pedagógico de cada período e na relação entre os períodos. O corpus da pesquisa é composto por dois arquivos: o primeiro reúne os Programas oficiais do Estado brasileiro para o ensino de Língua Portuguesa dos anos de 1931, 1942 e 1951; o segundo é composto pelos manuais da coleção didática Programa de Português, de Júlio Nogueira, que teve três versões para atender as indicações dos três programas do primeiro arquivo. A metodologia deste trabalho se caracteriza como qualitativa, com abordagem discursivo-interpretativa. A análise do corpus foi realizada de forma comparativa, considerando os efeitos e as relações interdiscursivas entre recortes dos programas de ensino e manuais didáticos de cada período. Nossa análise e sua abordagem metodológica se fundamentam na Análise de Discurso de linha francesa e no campo da História das Ideias Linguísticas no Brasil, tendo como referências principais Orlandi (1998; 2002; 2005; 2012), Pêcheux (2008; 2014), Razzini (2000) e Souza (1999). As constatações gerais de nossa análise do discurso pedagógico sobre a leitura nos períodos recortados indicam um funcionamento discursivo apoiado em um processo de identificação entre os discursos oficial e didático, com alguns traços de deslocamentos de sentidos, ocasionados pela recontextualização e reformulação de sentidos. A filiação dominante sobre a leitura, nos dois casos, remete à tradição retóricopoética, caracterizada pelos objetivos de desenvolver habilidades de apreciação do texto literário, composição escrita e oralização expressiva. Constatamos uma regularidade entre os discursos dos programas e dos manuais pela retomada da representação de leitura literária e dos efeitos de sentidos de sujeito-leitor reprodutor dos sentidos e orador expressivo da leitura. Os modos de ensinar, ancorados na figura do professor, estão associados aos exercícios de oralização de textos e composição escrita. Nosso trabalho contribui para a compreensão da constituição histórica da leitura como objeto de ensino e oferece uma visão mais consistente sobre a historicidade discursiva pela qual se constituiu esse objeto. Por esta pesquisa, ainda podemos compreender alguns dos modos pelos quais se configuram a leitura e o leitor atuais, uma vez que suas imagens indicam (re)construções de outras representações já enunciadas. |