A política para além das possibilidades da democracia liberal: reafirmação do programa neoliberal e o desamparo político das massas.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: LUCENA, André Costa.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/9183
Resumo: Este trabalho parte da premissa de que a democracia liberal, com seus arranjos, sua representatividade e suas dinâmicas institucionais é um instrumento de reprodução do programa econômico neoliberal. Partindo disso, buscamos articular uma ideia de política para além das possibilidades da democracia liberal. Trataremos do fenômeno da reafirmação do neoliberalismo após a crise capitalista de 2008, e seu desdobramento no marco da democracia liberal, com a ascensão da direita política na América Latina, e a aprovação ainda mais incisiva de medidas neoliberais, a exemplo dos ajustes fiscais e da precarização das relações de trabalho. Protestos de rua, eventos de manifestação de massas contrárias às formas democráticas excludentes e ao capitalismo hegemônico e práticas de violência subjetiva como atos políticos são debatidos nesta pesquisa, a partir de pensadores como Slavoj Zizek, tentando enxergar se expressam a ideia, contida no pensamento de Vladimir Safatle, de que o afeto político central da atualidade é o desamparo. Lançamos mão da noção, presente na obra do filósofo Alain Badiou, de que a política é, essencialmente, a realização do impossível. Que, nesse sentido, o que se coloca é a necessidade de superação da dimensão individual e a afirmação da coletividade para as ações políticas emancipatórias. Conjuntamente a essa noção, buscamos desenvolver que os arranjos institucionais democráticos-liberais esvaziam as possibilidades efetivas de participação política, e que as práticas da representatividade democrática não guardam relação com o que, propriamente, venha a ser política. Exige, então, que compreendamos a política como aquilo que foge à institucionalidade posta. Para trabalhar a reafirmação do neoliberalismo após a crise capitalista de 2008, tomamos como referência os entendimentos de Perry Anderson e Friedrich Hayek. Inevitavelmente, o presente trabalho constitui-se na tentativa de abordar criticamente a teoria política liberal, que tem como defensores autores como Norberto Bobbio, Joseph Schumpeter e Robert Dahl, bem como elaborar criticamente temas-chave dessa teoria: racionalidade instrumental, democracia mínima e elitismo. Ao final – para que possamos apresentar um recorte de espaço -, debateremos o fenômeno da reafirmação do neoliberalismo por meio dos instrumentos democráticos-liberais no Brasil, tratando das jornadas de Junho de 2013, do golpe parlamentar contra o governo de Dilma Rousseff, da atuação da “Operação Lava-Jato” e da eleição do ultradireitista Jair Bolsonaro. Os eventos anteriores, pela perspectiva adotada neste trabalho, não se deram de maneira isolada e expressam, conjuntamente, ações orquestradas do capitalismo global hegemônico, após a sua crise orgânica, e os desdobramentos do consenso liberal-democrático no país.