Relação entre evasão escolar, gênero e trabalho: o lugar da Sociologia na compreensão da realidade escolar.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: ALMEIDA, Flávio Jacinto.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
MESTRADO PROFISSIONAL DE SOCIOLOGIA EM REDE NACIONAL - CAMPINA GRANDE
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Job
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/21046
Resumo: Para combater a evasão escolar, é preciso compreender seus motivos situando-os no contexto sócio-histórico do local onde a escola está inserida. Assim, em um pequeno município rural, região onde as relações de gênero ainda carregam muito do modelo patriarcal, entendê-las como fundantes da vida social pode contribuir para uma análise mais profunda do processo de evasão escolar. Dessa forma, o objetivo central desta pesquisa é compreender a relação entre a evasão escolar e as relações de gênero no contexto de uma escola de ensino médio do pequeno município de Alagoa Nova-PB, EEEFM Monsenhor José Borges de Carvalho. Para alcançar tal objetivo, foi necessário: (I) identificar os índices de evasão da escola e relacionar com os dados do estado e do país; (II) entender os motivos que levaram jovens de gêneros diferentes a evadirem da escola; (III) analisar a relação entre os motivos elencados e as relações de gênero vivenciadas por esses jovens na família e na escola; e (IV) refletir sobre como esse conhecimento pode contribuir para planejar as discussões de gênero na escola. A pesquisa possui cunho quali-quantitativo, contando com dados primários e secundários. Trabalhamos com os dados do Censo escolar, do INEP e do IBGE, além de utilizarmos a técnica da entrevista semi-estruturada com 11 jovens com idades entre 17 e 24 anos, 7 rapazes e 4 moças. Os resultados da pesquisa revelaram que a evasão escolar se dá principalmente nos primeiros anos do ensino médio. Na maioria dos casos, os jovens tentaram conciliar escola e trabalho, mas devido à falta de compreensão por parte de professores, acabaram evadindo de uma vez. No contexto de um pequeno município, com relações sociais e familiares pautadas no interconhecimento, que guardam grandes marcas do patriarcado, a evasão escolar tem perspectivas que se cruzam entre os gêneros em pontos como a busca pelo trabalho e uma renda ou na dificuldade de conciliar estudos e trabalho. Porém, o gênero traz também algumas especificidades, enquanto os rapazes sofrem maior pressão para contribuir com o sustento da família, assumindo o papel de homem provedor, as moças são as principais responsabilizadas pelas atividades de cuidado em caso de uma gravidez não planejada. Os sentimentos de dúvida e de fracasso se fazem presentes na trajetória desses jovens, que veem por um lado sonhos e projetos sendo interrompidos e, por outro, uma atividade laboral que não supre as necessidades materiais deles e de suas famílias. A maior parte sonha em continuar os estudos, mas apenas algumas moças chegam a mencionar o desejo de ingressar no ensino superior ou de ter uma profissão que exija maior capacitação. Por fim, avaliamos que as políticas para juventude estão distantes de se efetivarem de fato como medidas do Estado para proteger e criar condições dignas para que a juventude não evada do ambiente escolar. Esse conhecimento pode colaborar tanto para que a escola repense sua relação com estudantes quanto para que a disciplina de sociologia se torne um espaço de reflexão sobre as realidades circundantes das/dos jovens.