"Erguer a voz": as redações como encarnações de histórias - Discurso, escrevivência e experiências pedagógicas com estudantes quilombolas de Taquarana- AL.
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/30736 |
Resumo: | Esta tese é colheita de experiências de um solo fértil de possibilidades de produções de evidências: a sala de aula. Ela testemunha o processo de descolonização do meu olhar sobre as estudantes quilombolas, nossas (com)vivências e as narrativas que elas produziram sobre si e sobre os contextos sociais em que vivem, enfrentam, confrontam, mudam, silenciam. De certa maneira, este trabalho representou o esforço de reelaborar a famosa pergunta proposta por Spivak: “Pode o subalterno falar?” Ou, dito de outro modo, o que escrevem as quilombolas? As muitas respostas brotaram das experiências pedagógicas realizadas no chão da sala de aula. E foi nesse ambiente escolar que “erguer a voz” era um convite a expressar suas percepções de si, de narrar seu mundo. O que escreveram as quilombolas foi apresentado, neste trabalho, como “Escrevivência” – elaborado pela intelectual negra Conceição Evaristo –, isto é, fruto de um corpo-escrita e suas encarnações históricas. Na âncora desse conceito, optei por estudar as redações de estudantes quilombolas da Escola Estadual Santos Ferraz. Das 700 redações coletadas das diversas atividades experimentais e metodológicas de ensino de sociologia, fui escolhendo as que acreditei serem pertinentes para a análise e que podiam ser abordadas a partir do problema e dos objetivos da pesquisa de tese. Isto é, analisar as produções textuais e artísticas realizadas pelas estudantes quilombolas nas minhas aulas de sociologia e, a partir delas refletir, questionar, essa identidade quilombola que atravessa, (in)diretamente, o material empírico investigado. Não encontrei descrições discursivas de uma militância identitária, tão pouco afirmativas diretas de seu quilombo, ou retóricas sobre “lugar de fala”. Foi identificado a vivacidade da existência. Narrativas de vidas precárias, subjetividades descritas pelo sofrimento, pela negação de si e pela identificação de conflitos familiares e mentais. Os resultados deste trabalho são um convite a sentir as redações. Aproximar as subjetividades – sem rejeitar a racionalidade – como critério de percepção. Perceber o silêncio que se diluiu nas vozes que foram sendo erguidas à medida que estudantes quilombolas tomavam o signo da linguagem para falar de si. Um erguer enquanto esforço próprio de cada quilombola, que se colocaram na folha de papel usando sua singularidade, seu “eu”, sua narrativa, seus traços e pinturas como manifestações culturais do seu corpo, do seu lugar e das suas trajetórias de vida propiciadas por práticas experimentais lúdicas de ensino de sociologia. |