O bisturi que coisifica, a tabela que classifica: a desinstrução da condição humana nas narrativas do trauma do holocausto nazista em Miklós Nyiszli e Primo Levi (1944-1946).
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4389 |
Resumo: | Auschwitz, território da Alta-Silésia, Polônia, 1944. É nessa cartografia, que se transformaria na mais infame fábrica de morte do Século XX, que é alçada nossa pesquisa. Dois homens. Duas personalidades diferentes, duas visões de mundo. Em comum, têm um rumo único, o destino arquitetado pelo Estado Nacional-Socialista e países colaboracionistas: a morte. Mas, para chegar a este desfecho desejado pelas mãos, olhos e mentes do Terceiro Reich, estes e tantos outros milhares de homens passaram por um modelamento: a desinstrução do corpo, dos modos, da própria forma de ver o mundo, de ver a si próprio, ou seja, a criação paulatina do Homo Läger. Um apagamento contumaz que era impetrado dia após dia a estes homens. Dentro dessa perspectiva, esse trabalho propõe discutir as formas impostas para que tal objetivo minasse a resistência mental e corporal desses prisioneiros. Esses dois rostos, Primo Levi (1988) e Miklós Nyiszli (1961), deram voz a tantos outros que foram silenciados, pois para estes, restou o testemunho. Do dia-a-dia do campo de concentração, do “aproveitamento” destes prisioneiros na logística e funcionamento, até a força que estes encontraram para documentar o horror, é por estas arestas que passa essa pesquisa. Para tanto, nos apropriamos aqui, principalmente, de Michel Foucault (1987, 2010,2012) para discutir os conceitos de Adestramento, Docilização e Clínica; de Diwan (2014) e Stepan (2005) para dialogar com o conceito de Eugenia; de Steinberg (2001) para a categoria de Homo Läger e, finalmente, de Márcio Seligmann-Silva (2003, 2006) para debatermos o Trauma na Literatura. Sendo assim, tais Literaturas de trauma que foram produzidas pelos sobreviventes citados, nos permite perceber uma outra faceta da disciplinarização do corpo, sendo justamente o oposto da educação destes, ou seja, a tentativa de desinstrução parcial ou total destes sujeitos, onde a escrita, no fim do sofrimento nos campos de concentração, foi usada por estes como uma tentativa de sanar seus traumas, possuindo uma função de elo entre os sobreviventes que resolveram relatar seus testemunhos. |