Entre os frios da razão e o estremecer das doçuras: a desconstrução do gênero a partir de uma experiência etnográfica no espetáculo Agreste.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: MENEZES, Sophia Padilha.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/1607
Resumo: Esta dissertação busca problematizar as questões de gênero a partir da experiência da pesquisadora confrontada com e no espetáculo Agreste. Para tal considerou-se relevante tomar como fio condutor as afetações binárias e heteronormativas proporcionadas pela experiência da pesquisadora quando esteve no papel de espectadora, permitindo-se assim, analisar a desconstrução do conceito de gênero na perspectiva queer. Ao assistir a referida peça, a espectadora foi surpreendida pela surpresa dramática da trama, o que a fez, enquanto estudiosa do tema, perceber que a heteronormatividade não era uma abstração que operava fora, mas que a incorporava interiormente e sob a qual se via vetor de seus efeitos. Partindo desta vivência e do encontro entre abstrações e consequências reais, desenvolvemos este trabalho que exigiu uma forma distinta de escrita que não é linear, e pretende contemplar um experimentar das questões que analisa, porém o objetivo desta dissertação não se restringe às questões queers. Ela também abrange as relações dicotômicas no interior da pesquisa, como sujeito / objeto, na qual, a participação como forma de conhecimento sinaliza que o pesquisador não está resguardado em um patamar em que a realidade social não o atinja, afete, altere, e sob os quais, em muitos casos, ele mesmo auxilia a reprodução das construções sociais que outrora denuncia. Portanto neste percurso se assume as posições de sujeito e objeto, pois a pesquisadora está inserida num contexto que, ao mesmo tempo em que se desnudam questões sociais, também se vê produtora e vetor de suas causas. O campo de pesquisa tem duas unidades temporais: uma em 2010; e outra em 2013. Ambas complementam o trabalho, no qual, se apresentam práticas sexuais organizadas hierarquicamente, direcionando a sugerir que as categorias heterossexuais e homossexuais são atributos fictícios, utilizadas por estratégias que os agentes alocam de forma a reforçarem um status social. A partir dos efeitos do objeto desta pesquisa se revelam os espaços reservados para tais ficções, que por serem constituídas para definir a verdade última dos sujeitos têm, portanto, consequências reais. Este trabalho não enfatiza as práticas sexuais, mas as questões políticas e hierárquicas que organizam as sexualidades. Para dar conta desta empreitada que desconstrói não só gênero, como a própria linguagem binária que o sedimenta, utilizamos a etnografia desenvolvida por Favret-Saada e a questão da afetação como forma de produção de conhecimento, além da antropologia da experiência e performance de Turner.