O funcionamento discursivo do gênero canção no exame nacional do ensino médio.
Ano de defesa: | 2016 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/27347 |
Resumo: | Em 2009, o Ministério da Educação (MEC), através do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), lança uma Matriz de Referência que organiza o processo avaliativo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em quatro áreas do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza). A partir desse ano, a elaboração das questões passa a ser norteada por “eixos cognitivos” e “competências e habilidades”, para cada área do conhecimento abordado, e o Exame começa a ser utilizado como principal recurso de seleção para o ingresso no ensino superior. Nota-se a presença dos gêneros discursivos na composição das questões do Exame relativas à prova de Linguagens. Em cada questão, é abordado determinado gênero discursivo, de que o autor da questão se utiliza para a avaliação de determinadas competências e habilidades previstas na Matriz de Referência. Dentre os vários gêneros discursivos abordados na prova de Linguagens do Enem, objetivou-se investigar o funcionamento discursivo do gênero canção, a fim de se compreender que processos discursivos caracterizam a inscrição desse gênero no discurso pedagógico do Exame. No intuito de, especificamente, verificar a historicidade do gênero canção no Enem, e as imagens de leitura e de sujeito-leitor produzidas no Exame, fez-se uso da abordagem teórica da Análise do Discurso de vertente pecheutiana, a fim de tratar da problemática do discurso, da produção de sujeitos e imagens de sujeitos, e de leitura sobre o gênero canção. Para fundamentar teoricamente o estudo do objeto de investigação dessa pesquisa, utilizou-se de pressupostos teóricos bakhtinianos sobre a problemática e definição de gêneros discursivos, e de estudos que tratam os gêneros discursivos como objeto histórico-cultural e/ou objeto de estudo e de ensino de língua materna. Esta pesquisa documental caracteriza-se como exploratória e qualitativa, através do aspecto descritivo-interpretativo utilizado para a análise dos dados coletados, isto é, questões que abordam a canção brasileira enquanto gênero discursivo e/ou tematizam sua historicidade. Como resultado geral de análise, observou-se que o Enem representa, em seu processo avaliativo, a constituição de uma imagem de gênero canção ora considerada em sua historicidade, ora constituída por simplificação e/ou apagamento da historicidade, pela ênfase dada a elementos linguístico-comunicativos. Verificou-se que a leitura desse gênero como prática de construção histórica é contemplada, não como tendência dominante do Exame, mas como mais uma leitura possível, em detrimento da leitura do gênero canção como prática de identificação/confirmação do saber sobre elementos linguísticos do português brasileiro. Concluiu-se que, embora o discurso do Enem direcione a produção de sentidos controladores e homogeneizantes do saber sobre a língua(gem), o funcionamento discursivo que predomina nas questões do Enem aponta para a produção de sentidos que escapam à constituição de imagem de leitor ideal, crítico e intérprete, em detrimento da imagem de leitor produzida pela correspondência e confirmação/identificação das leituras legitimadas pelo sujeito-autor do Exame, o que revela, para os professores e alunos que lidam com/sobre o Enem, processos discursivos que evidenciam heterogeneidade e/ou contradição sobre a discursividade da língua(gem). |