O inquieto coração de Clarice: autenticidade e autoria em Perto do Coração Selvagem de Clarice Lispector.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: LIMA, Déborah Maria da Cunha.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Campina Grande
Brasil
Centro de Humanidades - CH
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
UFCG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/36067
Resumo: Perto do Coração Selvagem foi publicado em 1943, o romance foi escrito pela então estreante Clarice Lispector. É interessante pensar que a obra de uma jovem desconhecida tenha despertado a atenção da crítica conceituada. Expressões como surpresa, choque, originalidade e interesse vívido foram utilizadas para demonstrar o efeito desta leitura por críticos como Sérgio Milliet, Álvaro Lins e Antonio Candido. O romance possui uma estrutura e ambiência peculiares em comparação aos moldes tradicionais da literatura brasileira à época. Uma de suas impressões é o anseio que move Joana, personagem principal, na busca pelo próprio eu. Enquanto leitores, somos levados a um mundo de provocações e choques causados pela desestabilização das coisas e dos espaços que compõem o romance. A noção de choque parece ser um elemento significativo na construção desta autoria. Mas como isso ocorre? Buscamos compreender o choque no momento de elaboração da escrita e arsenal estético da autora, e por consequência, no efeito provocativo que a obra causa em seus leitores. Se a acentuada caraterística de Perto do Coração Selvagem é a possibilidade de proporcionar uma experiência de leitura bastante provocativa, torna-se propício analisá-lo manejando o conceito de autenticidade elaborado teoricamente pelo crítico literário Lionel Trilling. Auxiliados por esse conceito, tentamos entender o teor desta literatura que apresenta questões pessoais e morais como temas de sua escrita. A ambivalência entre modos de vida distintos, o anseio que impulsiona Joana contra as delimitações das convenções sociais, bem como a sua identificação com o aspecto selvagem, são algumas das caraterísticas do romance. Sob os critérios da autenticidade, o leitor deste tipo de literatura espera que ela possa abarcar temas socialmente inaceitáveis e ameaçadores da vida em sociedade, já o artista pode figurar como exemplo dessa afirmação do ser perante a existência social. Sendo assim, como esse modo de vida pautado na ordem e no refinamento é desestabilizado na medida em que Joana se quer inacabada, fluida e em movimento? A pessoalidade na literatura de Lispector nos faz refletir sobre os temas que impulsionam sua escrita, considerando também a delicada relação entre vida e obra. Os modos de vida e esquemas morais ambivalentes atravessam o romance e são configurados esteticamente a partir da elaboração desta autoria.