Para além do acesso á terra: representações sociais, condição camponesa e ação política dos colonos da Serra do Mel.
Ano de defesa: | 1991 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Campina Grande
Brasil Centro de Humanidades - CH PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS UFCG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4218 |
Resumo: | 0 presente trabalho trata do comportamento político dos camponeses da Serra do Mel. Para compreensão deste, levamos em conta as multi-relações estabelecidas entre: a) uma situação real e concreta vivida por eles dada pela forma de propriedade e de exploração da terra, pelo nível tecnológico, pelo comportamento do mercado, etc. b) um conjunto de representações a respeito de si próprios e dos outros e c) um imaginário específico (o que não quer dizer forjado por si), além de incluir nesse campo de relações também d) os investimentos dos mediadores com o fim de conformar ações de embate. Concretamente, trabalhamos com três questões: 1) por que são os colonos da Serra do Mel a parcela do campesinato que mais se mobiliza na região?, 2) por que as ações de mobilização não são compartilhadas por todos? ,3) por que as lideranças que os representam coma produtores (por meio das associações de vilas) pouco ascendem a representá-los como cidadãos (nas esferas da Política Partidária)? A partir da condição camponesa, que compreendemos como uma representação de si tornada de empréstimo a outro e, no caso, capaz de estruturar todo um habitus social, e da presença de alguns mediadores, buscamos compreender o que há de específico na forma desse grupo se instituir como coletividade e de articular ações de enfrentamento. Para investigação das questões aludidas, foi realizado um trabalho de campo, compreendendo um universo de 7 vilas, das 22 que formam o Projeto de Colonização da Serra do Mel. As vilas não foram escolhidas aleatoriamente, mas em função de algumas particularidades concernentes a história do povoamento desse espaço. A ocupação desencontrada permitiu que se formassem grupos diferentes de vilas. Para dar contas das questões, servimo-nos tanto de entrevistas abertas, com colonos típicos, e semi-fechadas, com colonos em geral, como de relatos de conversas, cartas, atas de reuniões, jornais e discursos de lideranças. Ao final, percebemos que i) o descompasso entre a expectativa desencadeada pela vinda para a Serra e a sua condição real de camponês pobre, 2) a representação de "proprietário" (com a propriedade do tempo, sem que este seja monetarizado, aparecendo em primeiro piano para o estabelecimento desse conceito) e 3) as suas muitas impotências (produtivas e outras) fornecem campo objetivo para diferentes semantizações. Ao concluirmos que a base de orientação do colono se caracteriza por aparecer como uma matriz dupla (habitus bimatricial), onde um lados é fornecido pelo imaginário instituído em torno da representação de proprietário e o outro pela condição real e objetiva de camponês pobre, destacamos o papel relevante dos mediadores na semantização das situações vividas coletivamente. A ruptura estabelecida na vida de cada um, quando se passa da condição de sem-terra a condição de proprietário, acompanhando esta ruptura todo um conjunto de expectativas, produz a descontinuidade necessária a desnaturalização do social. Essa descontinuidade, porém, carece de vozes que a semantizem. No caso dos camponeses da Serra do Mel, dependendo da potência das vozes em campo,as semantizações tanto podem se dar no sentida de realçar a condição de proprietários como no de dar destaque a de camponeses pobres. |