Eu me senti morto: sentidos de risco e proteção para adolescentes ameaçados de morte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Negreiros, Daniele Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/30537
Resumo: O presente estudo aborda a problemática da violência urbana, destacando as ameaças de morte sofridas por adolescentes e jovens em Fortaleza, no Ceará, cidade que se destacou negativamente em nível nacional ao liderar (em 2012 e em 2014) o ranking das capitais com mais mortes de adolescentes na faixa de 12 a 18 anos, segundo o Índice de Homicídios na Adolescência. Alinhados à perspectiva histórico-cultural e à teorização de Vigotski sobre a construção subjetiva nas interações sociais, tivemos como objetivo geral analisar a produção dos sentidos de risco e proteção por adolescentes inseridos no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçados de Morte (PPCAAM) do estado do Ceará, que tem como uma das principais ações a acomodação da criança/adolescente e sua família em ambiente compatível com a proteção, geralmente em um município diferente do que a família residia quando sofreu ameaças. Como objetivos específicos incluem -se: compreender o sentido de ameaça de morte para os adolescentes ao adentrarem em um programa de proteção; conhecer os impactos psicossociais advindos da inserção dos adolescentes no novo contexto de proteção e, por último, compreender como as novas redes de apoio social, que se formam com a entrada do adolescente no PPCAAM, são dimensionadas por estes em termos de risco e proteção. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, que utilizou como procedimento de produção de dados entrevistas narrativas e observação participante. Houve ainda a construção de diários de campo intentando a compreensão dos sentidos de risco e proteção para os adolescentes ameaçados de morte, aliando-se a análise dos documentos produzidos pelo PPCAAM. Tivemos a participação de um jovem no estudo piloto e de dois adolescentes acompanhados pelo PPCAAM que, antes do ingresso na proteção, residiam em Fortaleza e foram incluídos na modalidade familiar de atendimento. A partir das categorias analíticas empíricas construídas para o entendimento do problema, destacamos como principais resultados: os sentidos de risco e proteção construídos pelos adolescentes dialogam com a forma como as famílias constroem aspectos protetivos para a superação de seus problemas coletivos. A correlação entre violência, adolescência e ameaça que implica em dinâmicas itinerantes forjadas pelas famílias para sua proteção e que, no entanto, vulnerabilizam as redes de apoio sociais, comunitários e institucionais estabelecidas com estas. Os adolescentes, na busca por reconhecimento e autonomia, demonstram o que compreendem como falhas em aspectos protetivos no decorrer de suas vidas e expressam expectativas de reparação destes. Além disso, as experiências de varejo no comércio ilegal de drogas são significadas de formas diversas pelos adolescentes e a vivência das famílias em proteção repercute na forma como vão gerar independência do programa, buscando autonomia, bem como na maneira como promovem o desenvolvimento e a transformação na vida dos adolescentes.