A dialética do absurdo em K. relato de uma busca, de B. Kucinski

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nascimento, Edson da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/76948
Resumo: K. relato de uma busca, de B. Kucinski, persona literária de Bernardo Kucinski, publicada em 2011, narra a jornada de busca pela filha do personagem principal K. e o seu duplo sofrimento: a angústia diante da incerteza da morte da filha e a dor pela impossibilidade de luto devido ao desaparecimento do corpo, uma vez que sucumbiu à máquina do "sumidouro de pessoas", criada pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar. A pesquisa demonstrou como o conjunto das obras deste autor proporcionou uma leitura crítica do país. Refletiu também sobre a violência estrutural figurada pelos elementos estéticos da literatura de B. Kucinski. Em uma abordagem crítica dialética, o estudo analisou os elementos composicionais do romance, especialmente para compreender a relação entre a forma composicional e a memória do desaparecimento político. Diante de temas tão delicados apresentados no romance, como o pai à procura da filha assassinada pelos agentes da ditadura, o sequestro, a tortura, o assassinato e o desaparecimento político, temas que ganham forma ficcional em K. relato de uma busca, cujo enredo é a busca pelo corpo desaparecido da filha do protagonista, que remete, por sua vez, à irmã do autor, Bernardo Kucinski, surge a questão inevitável: como narrar o inenarrável? Como dar forma a memórias tão dolorosas da nossa história recente? Sem respostas definitivas, seguiu-se uma trilha interpretativa de possíveis proposições, as quais surgem da síntese do conteúdo e da forma do objeto em questão. Trabalhamos em meio às seguintes ideias: dialética do absurdo, redução do distanciamento estético do narrador, lógica singular do tempo na narrativa, linguagem objetiva e sucinta como consequência do tema narrado, estética do choque e aprendizagem, ética da alteridade, narrador descentrado, totalitarismo institucional, violência do silêncio e mal de melancolia. Como aportes teóricos recorremos a Alfredo Bosi, Anatol Rosenfeld, Antonio Candido, Carlos Fico, Daniel Feierstein, Edson Teles, Florence Goodeau, Gabriel Gatti, Jaime Ginzburg, Janaina Teles, Jeanne Marie Gagnebin, Karl Marx, Lilia Schwarcz, Nelly Richard, Pilar Calveiro, Raphael Lemkin, Roberto Vecchi, Seligmann-Silva, Theodor W. Adorno e Walter Benjamin. Ao refletir sobre a dialética entre processos sociais genocidas e formas literárias, este estudo visa colaborar com a fortuna crítica de B. Kucinski e com os estudos sobre literatura brasileira contemporânea que abordam a ditadura militar. Além disso, esperamos que contribua para as políticas de memória referentes aos extermínios no país e, consequentemente, para o combate ao processo de apagamento de memória em curso.