A estrutura da matéria em livros didáticos do início do século XX no Brasil

• Ano de defesa: 2018
• Autor(a) principal: Mauro, Roberto da Silva
• Orientador(a): Zanotello, Marcelo
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal do ABC
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências e Matemática
• Link de acesso: http://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=111355&midiaext=76597; http://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=111355&midiaext=76597/index.php?codigo_sophia=111355&midiaext=76598

Os livros didáticos (LDs) têm se revelado fontes de pesquisa para a Educação. Diferentes áreas se detêm em analisar tais objetos sob diferentes perspectivas e objetivos. No ensino de Ciências Físicas e Químicas, a origem destas pesquisas propunha investigações visando identificar potenciais obstáculos ao aprendizado dos estudantes. Por outro lado, a história do ensino e das disciplinas escolares utilizam os LDs como fontes históricas primordiais a fim de construir a trajetória do ensino de determinados conceitos ou mesmo de toda uma ciência. Nesta perspectiva, este trabalho busca analisar, através de uma abordagem histórica, quais as características presentes em LDs de Física e Química do início do século XX no Brasil com relação aos conteúdos de estrutura da matéria. Para tanto, é proposto um dispositivo analítico baseado nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de origem francesa, a fim de reconstituir formações discursivas imbricadas nos textos didáticos. À luz da epistemologia bachelardiana, buscou-se elucidar também concepções de ciência e ensino veiculadas através dos LDs, buscando contextualizar a análise de acordo com o período histórico selecionado (1900-1930) a respeito do cenário científico, político e educacional da época. Os LDs se mostraram textos híbridos constituídos pelos discursos pedagógicos e científicos, além de concepções ideológicas tradicionais e hegemônicas à época, como o discurso religioso. Com relação aos tópicos de estrutura da matéria, apesar da grande repercussão que os eventos científicos ocorridos principalmente na Europa tiveram ao redor do mundo, os LDs apresentam certa inércia, tardando em apresentar as novas teorias da matéria e suas consequências para o ensino, perpetuando uma visão clássica e uma concepção positivistaindutivista de ciência. Contudo, não se pode atribuir esta defasagem ao desconhecimento científico dos autores ou professores, pois tais temas apareceram, mesmo que timidamente, em alguns livros didáticos e em programas de ensino de algumas escolas secundárias da época. Os LDs da editora FTD apresentaram o discurso pedagógico tradicional atrelado ao positivismo ortodoxo e ao discurso religioso, enquanto Menezes (1929) e Romano (1928) expuseram um positivismo alinhado com as ideias de Spencer e, no campo pedagógico, com o movimento escolanovista.