Desenvolvimento e aplicação de bateria de testes neuropsicológicos para avaliação da memória semântica de verbos em idosos cognitivamente saudáveis
Ano de defesa: | 2016 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do ABC
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Neurociência e Cognição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Link de acesso: | http://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=102718&midiaext=72873 http://biblioteca.ufabc.edu.br/index.php?codigo_sophia=102718&midiaext=72873/index.php?codigo_sophia=102718&midiaext=72874 |
Resumo: | Introdução: Na prática neuropsicológica há pouco material investigativo disponível para analisar o processamento semântico de verbos. Um dos poucos testes utilizados nesta análise é o Kissing and Dancing - KDT (Bak & Hodges, 2003), que apenas avalia associações semânticas. Apesar de haver valores de referência do KDT no Brasil, três limitações motivaram a construção de uma nova versão ampliada: 1) necessidade de adequação a fatores socioculturais; 2) alta probabilidade de acerto ao acaso e 3) tendência a efeito teto, quando excluídos itens socioculturalmente inadequados. O presente trabalho, portanto, desenvolveu, por meio da adaptação do KDT e da criação de tarefas adicionais, uma bateria de testes que objetiva investigar estes aspectos. Neste trabalho, os testes criados foram utilizados em população de idosos cognitivamente saudáveis e, a partir dos resultados obtidos, futuras análises poderão auxiliar na melhor compreensão de algumas divergências teóricas sobre o processamento semântico lexical de verbos, inclusive em situações patológicas, bem como na identificação de perfis específicos que podem auxiliar no diagnóstico clínico de algumas dessas situações. Objetivos: desenvolver, baseando-se no KDT, um instrumento abrangente para avaliação do processamento semântico de verbos, criando testes complementares, que avaliem, além da associação semântica, a compreensão e a nomeação de ações, a fim de: investigar o funcionamento da memória semântica de verbos em idosos cognitivamente saudáveis e a relação entre a acurácia - registrada em cada um dos testes na bateria ¿ o funcionamento cognitivo global e as variáveis sociodemográficas Metodologia: A adequação do KDT previu a criação de um único instrumento balanceado em relação à complexidade pictórica, adequabilidade/padronização de nomeação, familiaridade, imageabilidade e categorização verbal (verbos de mão e corpo, com e sem instrumentos; verbos abstratos; ambientais e feitos por animais). Estes mesmos itens foram também utilizados na criação de outros dois subtestes ¿ tarefa de nomeação e compreensão auditiva. Na adaptação do teste de associação semântica, para evitar o citado efeito teto e possibilitar análises dos tipos de erros, foram ampliadas as alternativas associadas ao alvo ¿ de duas para quatro ¿ e criados distratores específicos. A consistência interna dos testes também foi avaliada e para a tarefa de associação e nomeação foi criada uma versão abreviada da bateria. Para a amostra estudada, investigou-se a relação entre o desempenho nos três subtestes e variáveis sociodemográficas (idade, escolaridade e nível socioeconômico) e o funcionamento cognitivo global (MEEM e ACE-R). Após a identificação das variáveis correlacionadas significativamente com a acurácia, um modelo de regressão foi gerado a fim de apontar qual das variáveis melhor predizem o desempenho nos testes. Para aferição de adequabilidade da bateria, os parâmetros propostos foram avaliados previamente em 20 jovens de alta escolaridade (padrão-ouro), a fim de eliminar estímulos inadequados. Após adequação, a segunda versão foi também aplicada a outros 20 universitários em estudo piloto, a fim de atestar sua adequabilidade. Finalmente, o instrumento adaptado foi aplicado em população de idosos cognitivamente saudáveis, propondose, em relação ao teste original, tarefas adicionais de compreensão auditiva e nomeação, avaliando-se a influência de escolaridade, nível socioeconômico, idade e funcionamento cognitivo global sobre o desempenho nas tarefas. Recrutaram-se 92 indivíduos idosos e 65 preencheram os critérios de inclusão/exclusão do estudo. Todos foram avaliados individualmente no Laboratório de Cognição Humana da UFABC. No teste de associação, os estímulos foram apresentados usando-se o programa e-prime (2.0) para registrar tanto a acurácia quanto o tempo de resposta. Nas provas de compreensão e nomeação, os estímulos foram apresentados em slides e analisou-se acurácia. Resultados: Entre os 65 avaliados (46 mulheres), 66% pertencem ao nível socioeconômico "B" e têm idade e escolaridade média de 67,7 e 10,8 anos, respectivamente. Nos resultados da tarefa de associação semântica, verificou-se acurácia média de 82% (42/51 pranchas), correlação significativa com escolaridade (R=0,463, p<0,001), nível socioeconômico (R=0,524, p<0,001), desempenho no MEEM (R=0,521, p<0,001) e desempenho no ACE-R total (R=0,508, p<0,001) e correlação negativa com idade (R=-0,400, p=0,001). Ao incluir todas estas variáveis em um modelo de regressão linear, apenas a variável idade se mostrou significante (p=0,038). Nos resultados do teste de nomeação, a média de acertos é de 90% (58/64 pranchas) e há correlação significativa apenas entre a acurácia e a classe socioeconômica (R=0,34, p=0,02), sendo não significativa para idade (R=-0,135 e p=0,39), escolaridade (R=0,13 e p=0,40), desempenho no MEEM (R=0,10 e p=0,52) ou no ACE-R (R=0,03 e p= 0,80). Neste teste, apenas 3 das 64 fichas apresentaram índice de respostas não-padrão maiores do que 20%, sendo motivados predominantemente por aspectos semânticos. No teste de compreensão, a média de acertos é de 98% (13,75/14 pranchas) e a acurácia não se correlaciona à idade (R=-0,16 e p= 0,30), à escolaridade (R=0,13 e p=0,41), ao nível socioeconômico (R=-148, p=0,499), ao ACE-R (R=0,22 e p=0,15), nem ao MEEM (R=0,06 e p=0,69). 4 das 14 fichas apresentaram erros acima de 10%, sendo motivados, também, por aspectos semânticos. Conclusão: Diante das análises, o novo instrumento apresenta-se como estratégia eficiente para avaliação do funcionamento de memória semântica de verbos no envelhecimento saudável. A idade é a variável que contribui para explicar o desempenho no teste de associação semântica, contrariamente aos pressupostos de que este tipo de memória não sofre alterações no processo de envelhecimento, todavia, a amostra precisa ser ampliada com maior número de indivíduos mais velhos e com mais baixa escolaridade e classe socioeconômica a fim de: verificar se os resultados obtidos para esta amostra não sofrerão alterações e permitir que etapas adicionais referentes ao processo típico de estandartização de baterias neuropsicológicas possam ser cumpridas. |