O que devemos aprender com a ciência do índio e o fortalecimento linguístico Kiriri: análise da articulação entre cosmopolítica, ritual, educação e epistemologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Moraes, Vanessa Coelho lattes
Orientador(a): Ramos, Danilo Paiva lattes
Banca de defesa: Durazzo, Leandro lattes, Nascimento, Marco Tromboni de Souza lattes, Cardoso, Thiago Motta lattes, Bomfim, Anari Braz
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35082
Resumo: Esse trabalho foi realizado junto ao povo Kiriri, etnia indígena situada no contexto etnológico do Nordeste que reside no município de Banzaê-BA, em um território demarcado de 12.320 hectares, com uma população aproximada de 4 mil indígenas. Eles passaram por um intenso processo colonial que teve como uma das suas principais consequências o fato de não saberem mais como falar a língua dos antigos. Tudo que conhecem sobre ela é oriundo das palavras que alguns dos mais velhos conhecem e o que aprendem nos rituais com seus antepassados. Seu idioma é muito importante para sua comunidade de tal modo que, através da língua eles efetivam processos de cura, protegem-se de situações de perigo, comunicam-se com seres que habitam seu território como algumas plantas, alguns animais e seus antepassados. Além disso, ao realizarem seus rituais na língua fortalecem-se garantindo a presença e o auxílio das suas entidades de modo mais intenso. Devido à relevância desse fenômeno, atualmente eles buscam modos de falar sua língua cotidianamente. Percebemos que esse processo está implicado com uma epistemologia, educação, ontologia, mitologia, ritual e cosmopolítica específicas. Estudamos como os Kiriri, com suas práticas e saberes, estão buscando falar a língua dos antigos, bem como, se apropriar dos conhecimentos da linguística. Isso envolve duas epistemologias distintas: a ciência do índio, como chamam os saberes oriundos dos rituais e dos seus antepassados, e a ciência acadêmica. Ao aprofundarmos nessa questão, notamos que os saberes indígenas sempre foram desvalorizados em função de uma hiper valoração dos conhecimentos da universidade. Com esse horizonte, buscamos demonstrar a relevância de uma metodologia indígena, descrevendo seus principais aspectos e mostrando como os saberes indígenas não só devem ser valorizados por uma questão de respeito, mas também pela possibilidade de nos proporcionar avanços científicos. Por isso, buscamos descrever no que consiste a epistemologia da ciência do índio para demonstrar como ela pode nos auxiliar a avançar cientificamente