Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Tatiane Almeida |
Orientador(a): |
Santos, Alvanita Almeida |
Banca de defesa: |
Bruno, Alberto Roiphe,
Alves, Ívia Iracema Duarte,
Souza, Marcos Aurélio dos Santos,
Costa, Suzane Lima |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Instituto de Letras
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28642
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Resumo: |
A presente tese busca realizar uma leitura das imagens que ajudaram a construir a imagem turística da cidade do Salvador na obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, de Jorge Amado, a partir das suas principais edições, a primeira de 1945 ilustrada por Manuel Martins, e a edição de 1977, atualizada em seu texto verbal e ilustrada por Carlos Bastos. A obra vai sofrer mudanças a fim de acompanhar as transformações urbanas e culturais que se operavam na cidade do Salvador quando novas ações de incentivo à cultura e ao turismo foram pensadas para a cidade, bem como a efervescência cultural em torno da ideia de baianidade e a preocupação em criar um imaginário cultural e, consequentemente, uma imagem para a Bahia que serviria de fomento ao turismo. Partimos do pressuposto de que o escritor sempre idealizou uma imagem para a capital baiana, com a conjugação da paisagem arquitetônica e dos elementos humanos que a constituem, permitindo, portanto, investigações que entendam por que a imagem dessa cidade sempre foi uma preocupação para as elites econômicas, intelectuais, para os artistas, escritores, políticos e empresários. Pensando no recorte temático para a pesquisa, buscamos responder as seguintes questões: De que modo o diálogo entre a palavra e a imagem ajudaram na construção da imagem turística da Bahia no guia Bahia de Todos os Santos? Como os contextos históricos de 1945 e 1977 influenciaram na criação de uma imagem fixa para a Bahia? Como cada ilustrador fez essa leitura da Bahia criada por Jorge Amado? O que é apresentado nas representações ora real, ora ficcional e imagética leva à manutenção do discurso criado sobre a Bahia em representações contemporâneas? Por esse viés, a discussão aqui proposta se debruça sobre as visões empreendidas pelo guia turístico de Jorge Amado, em suas duas edições, que mesclam realidade e ficção quando poetizam, ficcionalizam os espaços da cidade em alguns momentos. Utilizamos essas narrativas para compreender como o olhar sobre ela foi construído. Na busca por respostas, este trabalho tem uma vertente interdisciplinar e transdisciplinar, ao fazer as leituras interpretativas da obra tomando às considerações críticas e teóricas dos estudos urbanos e arquitetônicos, dos Estudos Culturais, dos estudos foucaultianos sobre análise arqueológica do discurso, com a sua abordagem histórica, cujas categorias principais são o discurso e o enunciado que serviram para compreender de que modo o conteúdo escrito do guia se apresenta nas imagens das capas e nas ilustrações do livro, bem como para apresentar uma leitura do discurso criado no diálogo entre o texto verbal e os textos visuais, para verificar as repetições de uma imagem sobre a Bahia nas diferentes edições do livro e em seu diálogo com as representações contemporâneas. A obra incita diversos caminhos de interpretação e fomos conduzidos por ela a tecer algumas provocações que foram auxiliadas pelas reflexões de Derrida e Deleuze para pensar outras questões, na tentativa de realizar outras leituras dessa cidade que existe em sua forma concreta, mas que também habita o imaginário das pessoas sendo tão real quanto, porque se constituiu como verdade. O que percebemos nessa obra é o fato de o escritor se preocupar em fixar uma imagem para a cidade do Salvador em dois períodos: na década de 40 e na década de 70 em conformidade com o contexto histórico-cultural. A pesquisa permitiu identificar nas obras do corpus, cruzando com as propagandas governamentais para o turismo, a presença de uma regularidade discursiva sobre a imagem de Salvador a partir da edição de 77, retratando a cidade como cartão-postal e lócus da cultura negro-mestiça singular e autêntica, impulsionada pela festa cotidiana e pelo encantamento. A imagem construída no livro de 45 denunciava uma urbe desigual, degradada e miserável tanto nos segmentos mais pobres da sociedade quanto na destruição de seu acervo arquitetônico, por isso o escritor vai mudar, vai reconstruir a imagem da cidade na edição atualizada, justamente para fazer a Bahia se firmar como polo turístico e entrar na concorrida rota internacional. |