Resenha, a crítica do jornal: entre o jornalístico e o literário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Carvalho, Emiliana Gonçalves
Orientador(a): Seixas, Lia da Fonseca
Banca de defesa: Faro, José Salvador, Gutmann, Juliana Freire, Seixas, Lia da Fonseca
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Comunicação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/26274
Resumo: Nos tradicionais estudos de gêneros jornalísticos, a resenha é considerada pertencente ao gênero jornalístico opinativo. No entanto, nos principais cadernos e seções de cultura dos jornais brasileiros é comumente denominada crítica, numa alusão histórica, simbólica e distraída à tradicional crítica literária. Um olhar sobre a Teoria Literária e seus extensos e ricos estudos faz perceber a significativa diferença entre ambas as composições discursivas. Enquanto a primeira circunscreve-se ao campo literário, a segunda congrega importantes características do campo de origem, o jornalístico. Os cursos de graduação e os manuais de redação não colaboram com o aprofundamento dos conhecimentos sobre a natureza e a finalidade da resenha, como também, da maioria dos gêneros jornalísticos que não lidam necessariamente com fatos e acontecimentos, refletindo na forma como estudantes e profissionais do jornalismo trabalham os respectivos textos nas salas de aula e nas rotinas produtivas dos jornais e revistas noticiosos. A dissertação se dedica a analisar linguística e extraliguisticamente a resenha e a crítica literária, com o objetivo de delimitar suas distinções e definir conceitualmente a resenha. Por meio da análise do discurso, das teorias do jornalismo, dos estudos de gêneros do discurso e da pragmática textual procedeu-se a análise de resenhas publicadas no caderno diário de cultura Ilustrada, publicadas no website noticioso Folha de S. Paulo, na recém-lançada revista sobre livros Quatro Cinco Um e nos rodapés de crítica de Álvaro Lins, do Correio da Manhã (RJ). O estudo revelou diferenças significativas entre as composições discursivas. Em sentido histórico, concluímos que a resenha jornalística, ainda que seja tributária da crítica literária e compartilhe o mesmo propósito de analisar, julgar e valorar obras literárias, constitui uma criação do campo jornalístico e contém marcas do seu discurso. Para confirmar nossa proposição nos baseamos metodologicamente em uma reflexão atual que redefine critérios de classificação de gêneros jornalísticos. Através da análise de unidades discursivas, o estudo nos permitiu desenvolver conhecimentos sobre as condições de realização dos atos comunicativos, a partir da lógica enunciativa, força argumentativa, identidade discursiva e potencialidades do mídium, uma perspectiva pertinente para a análise de resenha jornalística em paralelo à crítica literária, principalmente da resenha jornalística que, necessita de abordagens além do enquadramento clássico. A partir da formação discursiva jornalística, concluímos que a resenha é distinta da crítica literária e se enquadra em critérios que a confirmam como uma composição discursiva jornalística. O fator histórico, as marcas do discurso jornalístico, relacionadas às propriedades do jornalismo, sobretudo a atualidade, como também, os valores-notícia e as funções de informação, análise e fórum público foram argumentos que reforçaram a nossa proposição de que a resenha publicada em jornais e revistas noticiosos é uma composição discursiva jornalística de atualidade, a notícia sobre obras artísticas e produtos culturais, portanto, a crítica do jornal.