A governança espiritual: o sagrado afro-brasileiro na edificação do Memorial do Parque Pedra de Xangô

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Maria Alice Pereira da lattes
Orientador(a): Velame, Fabio Macedo lattes
Banca de defesa: Name, Leo lattes, Velame, Fabio Macedo lattes, Cunha Junior, Henrique lattes, Veras Neto, Francisco Quintanilha lattes, Pinto, Érika Fernandes lattes, Sant Anna, Márcia Genésia de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) 
Departamento: Faculdade de Arquitetura
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39523
Resumo: As religiões africanas e afro-brasileiras estão profundamente arraigadas na crença de que toda a existência é energia, e as diversas manifestações dessa energia tecem interações dinâmicas, complexas e sistêmicas. Tudo é vida e energia, e tudo está interligado, pois cada parte do universo, gerada por uma energia, torna-se ela própria, em sua plenitude, uma força capaz de manter e transformar o mundo. Os Inquices, Voduns, Orixás, Caboclos e Encantados são manifestações de energia, entidades espirituais imbuídas de poder mítico, que influenciam, de maneira transdisciplinar, a vida e a essência tanto dos seres humanos quanto dos demais seres da natureza. O propósito fundamental da tese foi revelar a importância da Governança Espiritual Afro-brasileira como elemento central na concepção do equipamento de apoio do Parque Pedra de Xangô. Os objetivos específicos delinearam-se da seguinte forma: I - investigar como Xangô inspirou e persuadiu o poder público, técnicos e acadêmicos envolvidos no projeto arquitetônico e instalação do equipamento do Parque Pedra de Xangô a seguir suas orientações; II - identificar as estratégias empregadas pelos praticantes das religiões de matriz afro-brasileira para viabilizar a construção de um parque concebido a partir de sua cosmopercepção, com foco nas histórias, culturas e valores do povo negro na diáspora; III - descrever os aspectos singulares do projeto, elucidando os significados e motivações dos diversos elementos que compõem a arquitetura das edificações. Ao longo da pesquisa, os caminhos se entrelaçaram, formando uma rede complexa que incorporou a metodologia da pesquisa afrodescendente, o sistema observante (inspirado no pensamento sistêmico), a técnica da investigação ação participativa, além da pesquisa bibliográfica e documental, diário de campo virtual, entrevistas, e a sistematização, análise e interpretação dos discursos e conteúdos. Os resultados indicam que a Governança Espiritual Afro-brasileira teve um papel significativo na construção do parque, resultando em uma arquitetura contemporânea única, conhecida como "arquitetura da Justiça de Xangô". O espaço é concebido como uma morada física e espiritual para as divindades africanas e afro-brasileiras, refletindo fluidez, circularidade, transe e constante transformação, desafiando as concepções convencionais ocidentais. Uma arquitetura de reencantamento, sagrada e insurgente.