Letieres Leite e o método UPB: considerações a partir de um levantamento em documentos digitais.

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Oliveira, Breno Domingos de
• Orientador(a): Candusso, Flávia Maria Chiara
• Banca de defesa: Candusso, Flávia Maria Chiara , Souza, Luan Sodré de , Santos, Marcos dos Santos
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
• Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Música (PPGMUS)
• Departamento: Escola de Música
• País: Brasil
• Palavras-chave em Português: Letieres Leite; Método Universo Percussivo Baiano (UPB); Educação Musical; Cosmologia Bantu; Etnomusicologia
• Área do conhecimento CNPq: CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::ARTES::MUSICA; CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIA::ANTROPOLOGIA DAS POPULACOES AFRO-BRASILEIRAS
• Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41594

Esta pesquisa investiga o Método UPB (Universo Percussivo Baiano), desenvolvido pelo Maestro Letieres Leite, e sua contribuição para a educação musical. Parte-se da premissa de que a educação musical no Brasil, historicamente marcada por um viés eurocêntrico, necessita ser repensada para incorporar e valorizar as matrizes e saberes afrodiaspóricas, promovendo, assim, maior diversidade cultural e justiça epistêmica. Os objetivos da pesquisa giram em torno de apresentar a trajetória de Letieres Leite, analisar os princípios pedagógicos do método UPB e sua aplicação prática no contexto da educação musical de jovens; e identificar as estratégias do método que promovem a valorização das matrizes africanas no ensino musical. A metodologia da pesquisa baseia-se na análise e transcrições de arquivos digitais que incluem entrevistas, documentos, videoaulas e documentários sobre a vida e trajetória de Letieres Leite e sobre o UPB, e está ancorada em uma fundamentação teórica que recorre a conceitos basilares da filosofia bantu, com destaque para o cosmograma bakongo. Esse cosmograma, que representa uma perspectiva centro-africana sobre os ciclos e processos de vida e morte, ilumina aspectos centrais da pesquisa ao ressaltar a circularidade do tempo e a conexão entre ancestralidade, vida em comunidade, música e educação. Tal perspectiva permite que o método seja explorado não apenas como um recurso técnico metodológico, mas como uma prática cultural enraizada em negras epistemes. Destaca-se a importância do engajamento social dos jovens músicos formados pelo método, sublinhando que a educação musical deve alinhar-se com os debates contemporâneos sobre racismo e justiça epistêmica e social. Além disso, a pesquisa aponta para a necessidade de mais estudos acadêmicos que explorem a interseção entre o Método UPB e práticas antirracistas na educação musical, evidenciando uma lacuna significativa no campo. A conclusão reforça que, embora o Método UPB não seja uma solução universal, ele representa uma proposta educativa transformadora, capaz de promover uma formação que valoriza as matrizes culturais afrodiaspóricas e, que consequentemente, combate o racismo.