Literatura Abẹ̀bẹ̀: abordagem teórico-crítica e metodológica negrorreferenciada das obras O olho mais azul e Deus ajude essa criança de Toni Morrison

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cordeiro, Hildália Fernandes Cunha lattes
Orientador(a): Castello Branco, Lúcia lattes
Banca de defesa: Santiago, Ana Rita lattes, Silva, Assunção de Maria Sousa e lattes, Sales, Cristian de Souza lattes, Santos, Mônica de Menezes lattes, Souza, Carla Dameane Pereira de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37963
Resumo: Esta tese objetivou apresentar a abordagem teórico-crítica e metodológica negrorreferenciada denominada de Literatura Abèbè, que intentou contribuir para o acesso e leitura de parte do acervo publicado por Toni Morrison, propondo a insubordinação e a insurreição como categorias existenciais e claves interpretativas para análise desse complexo e diversificado acervo literário. Para tanto, foi pensado como corpora dois dos onze romances escritos por Morrison, a saber: O olho mais azul e Deus ajude a criança, correspondendo ao primeiro e ao último romances publicados. As personagens selecionadas foram, respectivamente: Pecola Breedlove, Pauline Breedlove; Claudia MacTeer; Bride e Mel. O abèbè foi pensado como simbologia fundante na tentativa ininterrupta de organizar a luta. Como problema de pesquisa procurou-se: Que elementos, características e traços presentes nas obras: O olho mais azul e Deus ajude essa criança apontam para a possibilidade destas narrativas se configurarem como Literatura Abèbè? Como objetivos foram elencados, um de ordem mais geral: elaborar a noção de Literatura Abèbè como abordagem teórico-crítica e metodológica para ler as obras de Toni Morrison: O olho mais azul e Deus ajude essa criança, e de ordem específica: i) mapear os elementos, características e traços presentes nas obras: O olho mais azul e Deus ajude essa criança que apontam para a possibilidade destas narrativas se configurarem como Literatura Abèbè; ii) sistematizar as características da Literatura Abèbé, cartografando a partir da construção identitária das cinco personagens já mencionadas; iii) identificar, a partir da abordagem teórico-crítica e metodológica Literatura Abèbè, como ocorrem os processos de construção identitária das personagens escolhidas e iv) examinar as maneiras pelas quais algumas personagens selecionadas internalizam a ideologia da branquidade e a adotam como referência de padrão de beleza e outras fazem da negritude um escudo contra a supremacia branca. Como sustentação para a pesquisa, um tripé foi pensado a partir das contribuições da teoria e crítica literária negro-diaspórica, do feminismo negro e da psicologia e psicanálise na perspectiva negra. É preciso salientar, ainda, que a metodologia empregada para a feitura da investigação respaldou-se na crítica feminista-negra fazendo o uso da colcha de retalhos (hooks, 2019) a partir do desafio metodológico de “juntar pedaços” (ALVES, 2021), uma vez que o desejo final foi o de que as vozes e experiências das personagens citadas se configurassem como um complexo e sofisticado caleidoscópico, com o intuito de melhor avaliar as aprendizagens compartilhadas por elas. Os resultados revelaram que a Literatura Abèbè concebeu o acervo literário produzidos por mulheres negras na diáspora como possibilidades de rotas de fugas e esquivas nas diversas tentativas de aniquilamentos propostos pelo racismo e apontou caminhos possíveis contra tais processos. Conhecer as demandas enfrentadas pelas personagens, bem como acessar uma multiplicidade de histórias experienciadas por elas, foi o que levou à elaboração de tal proposta. Uma literatura que se funda em referências ancestrais. Finalmente, essa produção literária tem potencial para anunciar e apontar as armadilhas sempre presentes nas jornadas existenciais das mulheres negras e em seus processos de construção identitária, destrancando os caminhos, sobretudo nas encruzilhadas identitárias: momentos de autoconhecimento; autorrejeição; autorrepugnância; autoaceitação; autorrevelação; autossabotagem; autocuidado; autoamor; autocura e autorrealização.