Gramática expositiva das coisas: a poética alquímica dos Museus Casas de Cora Coralina e Maria Bonita

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Britto, Clovis Carvalho
Orientador(a): Cerávolo, Suely Moraes
Banca de defesa: Cunha, Marcelo Nascimento Bernardo da, Chagas, Mário de Souza, Silva, Sabrina Damasceno
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: PPGMUSEU
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/20961
Resumo: A pesquisa analisa as exposições dos Museus-Casas de Cora Coralina e Maria Bonita tendo como objetivo compreender alguns aspectos da poética oriunda da “narrativa das coisas”. Partindo das categorias “imaginação museal”, de Mario Chagas (2003), “produção da crença”, de Pierre Bourdieu (2002) e “fabricação da imortalidade”, de Regina Abreu (1996), problematiza o modo como as casas e os objetos musealizados se tornam suporte para a musealização da trajetória e do legado do patrono das casas-museus. Reconhecendo a articulação entre o imóvel, os objetos e o anfitrião do espaço, a pesquisa investiga os objetos biográficos, o deslocamento dos acervos pessoais para o espaço público, os trânsitos entre essas duas dimensões e o exercício de dramaturgias de memória a partir da manipulação dos repertórios expográficos. Utilizando um conjunto diverso de fontes (depoimentos, fotografias, documentação museológica, objetos biográficos, produção intelectual etc.), descortina a poética e a política existente na musealização, entendida como uma atitude metapoética. O estudo da trajetória de musealização de determinados objetos e espaços contribui para a visualização das interconexões entre os gêneros (lírico, épico e dramático) fruto das imagens acionadas pela exposição museológica. Entendidas como textos ficcionais, as exposições são analisadas a partir dos conceitos fundamentais de poética estudados por Emil Staiger (1997). A pesquisa sublinha a faceta épica da “imaginação museal” que, ao mesmo tempo, cria uma tensão com a subjetividade lírica. Ao estabelecer uma leitura interessada de determinados fatos do passado, acionando lembranças e esquecimentos coletivos, proporciona à herança lírica um enraizamento épico que, por sua vez, gera uma tensão marcada por uma dramaturgia construída a partir da “linguagem das coisas”. Questões aprofundadas na investigação da poética do espaço nas casas-museus, evidenciadas na musealização (concebida enquanto linguagem) da linguagem (literária) nos museus-casas de literatura; ou na instituição de um epilírico associado à fabricação do heroísmo poético nas trajetórias dos anfitriões das casasmuseus, com destaque para a musealização de objetos e personagens relacionados à saga do cangaço. Esses exemplos pretendem demonstrar as plurissignificações da poética nos museuscasas, especialmente as confluências entre a herança lírica, a expressão do épico e a tensão dramática, acentuadas no viés do trágico (mas que em outras experiências também podem ser marcadas pela comicidade).