A memória midiática nos 50 anos do golpe de 1964: Alberto Dines, “chumbo quente” e o observatório da imprensa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Polliana Moreno dos lattes
Orientador(a): Cardoso, Lucileide Costa lattes
Banca de defesa: Cardoso, Lucileide Costa lattes, Duarte, Ana Rita Fonteles lattes, Magalhães, Lívia Diana Rocha lattes, Santos, Marilecia Oliveira lattes, Oliveira, Rodrigo Perez lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) 
Departamento: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36626
Resumo: Este trabalho analisa a memória midiática acerca da atuação da imprensa nos anos da ditadura civil-militar no Brasil, presente em Chumbo Quente, série televisiva exibida em 2014, na efeméride dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964, produzida pelo programa Observatório da Imprensa, que era apresentado por Alberto Dines, intelectual do jornalismo brasileiro. O contexto de criação e exibição da referida produção foi influenciado pelos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, instituída pela Lei n. 12.528/2011 e cujo Relatório Final resultou em debates intensos na sociedade, visto que muitos atores se reuniram para rememorar e também reinvindicar a verdade e a justiça. Investigou-se como Chumbo Quente se propõe a ser uma síntese explicativa inscrita na história pública e que tem no seu cerne a inserção do testemunho na história, especialmente de jornalistas e outros sujeitos que vivenciaram os anos da ditadura. Para tanto, buscou-se compreender como esta produção dialoga com uma memória já existente sobre esse período, bem como se insere no debate público entre críticos e defensores da ditadura à medida que seu conteúdo se expande para o formato das plataformas digitais. Para a compreensão de como a memória midiática sobre o regime se organizou, foi igualmente importante mergulhar na trajetória de Alberto Dines, arquiteto do Observatório e de Chumbo Quente. Esta pesquisa aproximou-se dos campos da história, da memória e da comunicação, compreendendo a memória midiática como a representação simbólica e as narrativas sobre a história das sociedades que são veiculadas pelos meios de comunicação. Recorreu-se a realização de entrevistas, com base na História Oral, com pessoas próximas a Alberto Dines e membros do Observatório da Imprensa; análise de escritos de Alberto Dines e de material de natureza repressiva acerca desse jornalista; o estudo dos testemunhos e dos recursos ficcionais e não ficcionais em Chumbo Quente; a busca por fontes digitais para recuperar a história do Observatório da Imprensa e a análise dos comentários sobre a série no Youtube por meio da ferramenta Iramuteq. Esse estudo permitiu compreender um gênero televisivo que se sustenta nos testemunhos de um passado traumático, cujo relato é acrescido da narrativa historiográfica produzida na Academia e atuam como agentes empreendedores da memória. A composição de Chumbo Quente também revela silenciamentos, esquecimentos e memórias enquadradas sobre o jornalismo brasileiro no período da ditadura civil-militar. Igualmente, constatou-se uma compreensão difusa na interação dos internautas com a série no Youtube. Conclui-se que Chumbo Quente fez parte de uma tradição do Observatório em narrar a história da imprensa na ditadura e também como esforço de Alberto Dines em recompor a memória sobre suas vivências nesse período. E, embora o programa tenha deixado de existir, a série permanece disponível nos meios digitais de modo a perpetuar esse conteúdo a um público amplo.