"Aqui eu grito tudo que sofro calada" #thinspiration: construção digital do corpo anorético feminino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santana, Juliana Silva
Orientador(a): Natansohn, Leonor Graciela
Banca de defesa: Ribeiro, José Carlos Santos, Paz, Mônica de Sá Dantas, Ficoseco, Verónica Sofía
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Comunicação
Programa de Pós-Graduação: Comunicação e Cultura Contemporâneas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/20714
Resumo: A presença imperativa na mídia da tríade magreza/beleza/felicidade e o disciplinamento doentio, e muitas vezes fatal, que algumas mulheres impingem aos seus corpos, apresentam-se como um cenário favorável à reflexão e investigação teórica, principalmente quando entrelaçado aos estudos de cibercultura. A combinação de diversos fatores, entre eles a pressão pela busca da magreza e a insatisfação com a aparência corporal, pode levar ao desenvolvimento, ou reforço, de transtornos alimentares como a anorexia e bulimia. Para dar sentido à construção do “eu”, não basta apenas possuir o aspecto corporal idealizado, mas incorporar as práticas de domínio e autocontrole do corpo, sujeitando-o às mais diversas dores e privações. Através da democratização da comunicação possibilitada pelo uso da internet, essas práticas encontram um terreno propício para se propagar, muitas vezes disfarçadas sob ares inocentes. É nas redes sociais na internet que muitas garotas encontram “abrigo” e sentem-se à vontade para expor a forma como lidam com a pressão social imposta ao corpo feminino, construindo a partir de fragmentos imagéticos um modelo para ser cultuado e convertendo os distúrbios alimentares de patologias para mais uma fórmula “mágica” de alcance da dita “perfeição”. O presente estudo buscou compreender o fenômeno contemporâneo da construção digital do corpo anorético feminino, a partir da leitura e análise das imagens compartilhadas por garotas, usuárias da plataforma de microblogging Tumblr. A investigação empregou uma abordagem ‘multimétodo’ fundamentada principalmente nas proposições de métodos de pesquisa para internet das autoras Suely FRAGOSO, Raquel RECUERO e Adriana AMARAL (2015), utilizando-se para a construção dos dados elementos da netnografia, referenciada por KOZINETS (2014), e para a etapa analítica, as discussões propostas, sobretudo, por Susan SONTAG (2003, 2004). O conteúdo compartilhado, diariamente, por essas jovens reflete a maneira como o corpo é sentido e percebido dentro de um contexto social, passando a poder existir dentro de uma realidade coletiva. A modificação digital das imagens das modelos e celebridades cria, através de seus recursos, corpos inatingíveis, e ensina às mulheres o que esperar, como julgar, e o que fazer para não desistir de peregrinar atrás do sonho do corpo ditado pelo virtual.