Tempo, movimento e existências conjuntas: magia negra, quimbanda e umbanda no norte de Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Castanha, Taísa Domiciano lattes
Orientador(a): Rabelo, Miriam Cristina Marcilio
Banca de defesa: Ahlert, Martina, Duccini, Luciana, Cruz, Alline Torres Dias da, Carvalho, Maria Rosário Gonçalves de, Rabelo, Miriam Cristina Marcilio
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (PÓS-AFRO) 
Departamento: Outro(a)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Exu
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37279
Resumo: Esta tese é uma etnografia das práticas religiosas de dois terreiros, o “Centro Espírita Estrela do Oriente” e “Terreiro de Umbanda Oxossi Caçador”, situados no norte de Minas Gerais. O objetivo do trabalho é abordar a quimbanda, a umbanda e a magia negra explorando os modos de composição e enredamento entre pessoas, entidades, espaços e práticas características dessas religiões de inspiração africana. Ao privilegiar as trajetórias, movimentos e transformações que se desenrolam e dão vida aos dois terreiros estudados espera-se contribuir para o entendimento da quimbanda, da umbanda e da magia negra, bem como superar leituras dominantes dessas modalidades religiosas, centradas em dicotomias como bem x mal e direita x esquerda. Através da composição espacial dos dois terreiros, é dada atenção ao modo como diferentes práticas se conectam no espaço. Para cada uma delas, há um espaço separado (o quarto de magia negra, o salão de quimbanda e o salão de umbanda), compondo assim, as três dimensões dos terreiros. Enquanto espaços de multiplicidade, os terreiros apontam para um mundo aberto a ser construído, que envolve negociações, movimentos, hesitações e experimentações com coisas, lugares, entidades, pessoas e outros seres. Nas trajetórias dos sacerdotes e fiéis, bem como em suas relações com as entidades, percebe-se que há um modo de engajamento que envolve um processo de aprendizagem e sensibilidade. Nesse processo de engajamento, o dom e os procedimentos de iniciação são essenciais. Além disso, buscou-se discutir sobre parentesco, envelhecimento, consequências corporais da relação com entidades, importância da música (pontos cantados) e dos sons nessa relação. Atenção é dada ao período da quaresma, no qual a magia negra vigora. Essa linha da quimbanda está permeada por uma ideia de pesos e forças, sendo que essas forças são tanto um princípio dinâmico, como também um elemento de composição dos seres, lugares e coisas e estão relacionadas à capacidade de agência e poder de realização. Atentando aos dualismos presentes na umbanda e na quimbanda, ressalta-se que nessas práticas é possível a convivência com a contradição. Buscou-se mostrar que o universo da quimbanda envolve cromatismos, escalas, dimensões e movimentos, muito mais do que rígidas divisões entre domínios particulares (como bem e mal, direita ou esquerda), pois esses dualismos não equivalem a polaridades fixas, mas sistemas abertos conectados a processos de transformação.