Ensaio em economia da educação: desigualdade de oportunidades, família e habilidades socioemocionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Araújo, Sabrina Martins de
Orientador(a): Andrade, Cláudia Sá Malbouisson
Banca de defesa: Mendes, Vinícius de Araújo, Costa, Lilia Carolina Carneiro da, Santos, Daniel Domingues dos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Economia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Economia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34469
Resumo: Esta tese é composta por três ensaios em economia da educação que buscam contribuir com novas evidências sobre a desigualdade de oportunidade educacional e sobre o papel da família na formação de habilidades cognitivas e socioemocionais dos estudantes no ensino fundamental. O primeiro ensaio analisa como as circunstâncias da infância explicam o resultado educacional no Brasil, para alunos do 5º ano do ensino fundamental. Para tanto, foram utilizados dados do SAEB do ano 2017 e, como estratégia empírica, o Generalized Additive Model (GAM) de Hastie e Tibshirani (1986, 1987, 1990) e o índice de desigualdade de oportunidades (IOP) de Ferreira e Gignoux (2014). Os resultados apontam que quanto melhor o conjunto de oportunidades, maior o desempenho escolar, observando-se o contrário para o grupo menos favorecido. Verificou-se ainda que além do conjunto de variáveis de circunstâncias tradicionalmente utilizadas na literatura, tais como sexo, escolaridade dos pais, índice socioeconômico e tipo de escola, grupos de variáveis que representam a relação entre pais e filhos e os hábitos culturais também mostraram-se muito importantes. Ademais, acrescentar novas variáveis de circunstâncias provocou um aumento no IOP de 15% para português e 13% para matemática. O segundo ensaio verifica o efeito da estrutura familiar monoparental sobre as habilidades socioemocionais dos estudantes no ensino fundamental. Para atender a este objetivo, foram utilizados dados coletados por meio da aplicação do instrumento SENNA a alunos do 5º ao 9º ano do município de Sobral-CE, no Nordeste brasileiro. Estes dados foram levantados no ano 2018 pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES) da USP/RP. Como estratégia metodológica, estimou-se o efeito médio do tratamento a partir dos métodos propensity score matching e balanceamento por entropia. Os resultados indicam que viver em uma família monoparental impacta negativamente a autogestão do aluno, o que pode estar relacionado à menor disponibilidade de recursos e de tempo destas famílias para investir na supervisão e interação com os filhos, afetando características da autogestão, tais como organização, foco e responsabilidade no contexto escolar. Por fim, o terceiro ensaio tem como objetivo analisar se as habilidades socioemocionais são mediadoras do efeito da família, incluindo o capital econômico, cultural e social, sobre o desempenho educacional. Também foram utilizados dados socioemocionais de alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental da cidade de Sobral, além de dados sobre o desempenho acadêmico obtidos junto a Casa de Avaliação Externa do município. Por meio do emprego de um modelo de mediação baseado em Hayes (2018), os resultados revelam que a maior parte das habilidades socioemocionais estudadas atuam como mecanismos de transmissão do efeito do ambiente familiar. Para as variáveis de capital econômico, apenas a resiliência emocional não se destaca como mediador relevante. Para o capital cultural, destacam-se principalmente o engajamento e a abertura. Já para as variáveis de capital social, aparecem como mecanismos de transmissão a autogestão, amabilidade e resiliência.