Sindicalismo, piratas e cabelo chanel: leituras de reciclagem cultural em obras de Laerte

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Oliveira, Cláudio José Meneses de
Orientador(a): Ramos, Ana Rosa Neves
Banca de defesa: Ramos, Ana Rosa Neves, Cruz, Décio Torres, Ramos, Elizabeth Santos, Souza, Lícia Soares de, Ramos, Paulo Eduardo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28129
Resumo: A presente tese se dedica a analisar como pode se manifestar a reciclagem cultural em obras do quadrinista Laerte. A fim de alcançar este resultado, foi realizada uma pesquisa de base diacrônica, de modo a investigar exemplos de produtos elaborados por Laerte ao longo de seus mais de 40 anos de carreira. Para efeitos desta pesquisa, considerou-se a obra do quadrinista como dividida em três fases: a primeira delas, envolvendo o período em que trabalhava para órgãos sindicais e para a grande imprensa, durante a ditadura militar brasileira, para o estudo da qual foram selecionados caricaturas, cartuns e charges; a segunda, compreendendo o momento em que desenvolveu um trabalho voltado mais à crítica de costumes e exploração da sexualidade, em conexão com o movimento estadunidense dos underground comix, após a reabertura democrática, em que foram selecionadas histórias em quadrinhos longas; a terceira, por fim, iniciando em meados da metade da primeira década do século XXI e seguindo até o presente, focalizando experimentações formais, questionamento da obrigatoriedade do humor para a tira e olhar gendrado, estudada a partir do gênero que foi o mais abundante sobre o qual se debruçou Laerte – as tiras. Foi também realizada nesta tese uma discussão sobre o conceito de histórias em quadrinhos. Dentre os vários teóricos consultados, pode-se citar Walter Moser (1993, 1995, 1999, 2000, 2001, 2007, 2009), Thierry Groensteen (2007, 2009, 2010a, 2010b, 2010c, 2011), Paulo Ramos (2005, 2006, 2009a, 2009b, 2010a, 2010b, 2011, 2012a, 2012b, 2013a, 2013b) e Judith Butler (1990, 1993, 1996, 1997a, 1997b, 2002, 2004). Considerando a extensão do período de atividade pesquisado na obra de Laerte, os resultados encontrados variaram em casa fase. Na primeira, a investigação sobre reciclagem cultural não encontrou muitos exemplos nas publicações para imprensa sindical, talvez em função da forte polarização política que norteava a construção das imagens; contudo, nas charges para a grande imprensa estudadas, de orientação temática um pouco mais frouxa, foi verificado um número maior de manifestações de reciclagem cultural, voltadas, sobretudo, para a apropriação e discussão de símbolos imagéticos. Na segunda fase, foi encontrado maior teor de reciclagem da História, com posturas iconoclastas diante da ordem social estabelecida e do próprio status das histórias em quadrinhos do mainstream. Na terceira fase, por fim, há reciclagem cultural nas experimentações formais e de conteúdo, com as tiras livres, e discussão engajada de gênero, produzida num contexto em que Laerte se define como travesti e milita ativamente na ampliação da discussão de questões de gênero.