“O direito nós já temos, queremos respeito”: a caminhada afrorreligiosa do Engenho Velho da Federação – Salvador - Ba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Beltrão, Olívia Nolasco
Orientador(a): Müller, Cintia Beatriz
Banca de defesa: Müller, Cintia Beatriz, Santos, Jocélio Teles dos, Sousa Júnior, Vilson Caetano de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/34632
Resumo: A Caminhada pelo Fim da Violência e do Ódio Religioso, pela Paz, é uma manifestação pública de terreiros de candomblé do Engenho Velho da Federação, bairro popular de Salvador, de população predominantemente negra. Organizada desde 2004, a partir da iniciativa de lideranças religiosas locais, foi motivada por agressões e ofensas de igrejas neopentecostais instaladas no bairro, a partir da década de 1990, em meio a uma ostensiva hostilidade contra religiões afro-brasileiras, empreendida por novas vertentes e igrejas do campo pentecostal no Brasil contemporâneo. Com base em trabalho de campo, através da observação participante e de entrevistas, sobretudo com organizadores da Caminhada, a pesquisa buscou identificar modos de organização e estratégias adotados por religiosos afro-brasileiros para a realização da manifestação e analisar a Caminhada do Engenho Velho como uma ação coletiva de caráter expressivo, um ritual ou ato performativo. A pesquisa procurou também situar o surgimento da manifestação a partir da mobilização de comunidades religiosas afro-brasileiras em Salvador, para o enfrentamento dos conflitos inter-religiosos, e apresentar uma abordagem histórica da ocupação da área da cidade onde se localiza o bairro, sua inserção no espaço urbano de Salvador, de modo a discutir interconexões entre a dimensão territorial, religião e identidade negra, através das quais o povo de candomblé se apresenta no espaço público como um sujeito político coletivo. Para sair às ruas, seus agentes promovem a interlocução e cooperação entre diversas comunidades religiosas do bairro e do seu entorno. Na manifestação, eles acionam concepções cosmológicas e elementos rituais que se associam à proclamação da importância dos terreiros na vida local, de relações entre esses terreiros do bairro e tantos outros existentes na cidade e no Brasil, bem como articulam identidade religiosa e étnico-racial para prosseguir na luta contra o ódio religioso.