Pós Humanidade Negra: isto não é ficção científica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Góes, Jancleide Teixeira lattes
Orientador(a): Souza, Florentina da Silva
Banca de defesa: Souza, Florentina da Silva, França, Denise Carrascosa, Souza, Arivaldo Sacramento, Oliveira, Megg Rayara Gomes de, Vasconcelos, Vânia Maria Cerqueira
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38435
Resumo: Uma pessoa, qualquer que seja, é um pedaço de tempo dentro de uma história maior. Por isso, questionamentos existenciais são inesgotáveis, se repetem e não são os mesmos, pois ao mudar o/a questionador/a se despontam novas demandas, perspectivas, necessidades e compreensões. Este texto traz consigo, desde o título, problemáticas existenciais que são, efetivamente, questões muito antigas e ao se renovarem afirmam a importância de retomadas constantes e reflexivas sobre a humanidade dentro dos espaços sociais. Neste caso, é relevante destacar que os espaços discursivos são disputados, e por metáfora, são disputas sangrentas, tendo em vista suas violências. Por consequência, há o epistemicídio crônico de populações minorizadas nas relações de poder. Nesta tese, questiona-se o conceito de humanidade, a partir da desumanização crônica. Não se objetiva promover questionamentos sobre a relevância ou sobre a etimologia do termo, mas sim, avançar em direção aos operadores genocidas e animalizadores da contemporaneidade. Cabe a esse trabalho o debate sobre o presente, sem deixar de lado, os mitos de futuro, compreendendo o que está por vir enquanto disputas de narrativas. Minha hipótese é que a pós-humanidade negra é um conceito em trânsito, e, por esse motivo, em constante incompletude, que afronta as decadências sociais, ou seja, aquilo entendido como humanidade dentro da sociedade pós-moderna. Para organizar e apresentar algumas perspectivas sobre a pós-humanidade negra, estudaremos e analisaremos o cenário contemporâneo das relações étnicas e de gênero, a partir de corpos, narrativas e arte negra, como operadores de uma realidade extravasadora de limites, insurgente e reivindicante. Para isso, serão trazidos para a discussão alguns dos trabalhos músico-artístico de Linn da Quebrada e em alguns contos de Ruth Ducaso de seu livro Contos Ordinários de Melancolia. O trabalho artístico de Linn da Quebrada destaca-se por sua incisiva colocação discursiva e performática sobre os direitos das pessoas fora dos limites da cis-hetero-normatividade e sobre as violências físicas e subjetivas das pessoas constantemente destituídas de humanidade por diversas instituições de poder. Enquanto nos escritos de Ruth Ducaso intenciona-se investigar como as mães, negras e interioranas são destituídas de suas humanidades a favor de um lugar de super-heroína e de super oprimido de mãe, daquelas que não precisam sentir, pois estão essencialmente prontas para serem mulheres-cuidadoras e abdicadas de si. Considera-se relevante, as reflexões sobre as lutas contra o racismo de muitas autoras. São de fundamental relevância para estas discussões, dentre elas; ANGELA DAVIS (1995); FLORENTINA SOUZA (2003); LÉLIA GONZALEZ (2003). Tal qual, STUART HALL (2003), FANON (1983), GILROY (2001; 2005), FREITAS (2017) sobre as questões políticas e sociais na afro-diáspora. Assim, como as discussões de MEGG RAYARA (2017) e DODI LEAL (2019), JAQUELINE SANTOS (2018) contribuem para confrontar as questões de identidade de gênero e raça.