Saúde mental e relações étnico-raciais no Brasil: narrativas de Lima Barreto, leituras historiográficas e elucubrações ulteriores.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Rocha, Renan Vieira de Santana lattes
Orientador(a): Silva, Luís Augusto Vasconcelos da
Banca de defesa: Gomes, Katia Varela, Silva, Luiz Augusto Vasconcelos da, Correia, Wesley Barbosa, Castellanos, Marcelo Pfeiffer, Torrenté, Mônica de Oliveira Nunes de, Tavares, Jeane Saskya Campos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva
Programa de Pós-Graduação: Coleções por área do conhecimento
Departamento: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37908
Resumo: O campo da Saúde Mental é dotado de múltiplos e distintos matizes que se apresentam como necessários para que se possa operar uma análise mais acurada e cuidadosa dos fenômenos que se deseja compreender ante a tal – matizes dentre os quais destacamos, com sobrepujança, as questões étnicas e raciais brasileiras. O presente estudo, assim, deriva de uma pesquisa, em nível doutoral, cujo objetivo geral é identificar as narrativas produzidas sobre a relação entre Saúde Mental e racismo no início do século XX, no Brasil, a partir da obra autobiográfica Diário do Hospício & O Cemitério dos Vivos (1956), de Lima Barreto. Tal pesquisa compreende-se no campo teórico, metodológico e crítico da Saúde Coletiva, a partir de sua área de concentração em Ciências Sociais em Saúde, estando também na interface entre a Saúde Mental e os Estudos Étnicos e Raciais. Parte-se de uma abordagem qualitativa e bibliográfica (MINAYO; DESLANDES; ROMEU, 2012), sendo o seu método de produção e análise de dados a Análise de Narrativas Autobiográficas – conforme se verá, respectivamente, em Schütze (1976; 2014) e Jovchelovitch e Bauer (2002). Tal método foi aplicado à análise da obra supracitada, e colaborou na própria concepção de organização do presente estudo, que seguirá disposto em sete segmentos, a saber: (1º) Apresentação (ou Narrativa de Si); (2º) Considerações Introdutórias: Primícias; (3º) Considerações Teórico-Metodológicas: A Análise de Narrativas Autobiográficas na Saúde Coletiva; (4º) Considerações Teórico-Críticas: Leituras Históricas e Contemporâneas do Pensamento Científico Brasileiro sobre Saúde Mental e Racismo nos Séculos XX e XXI; (5º) Revisão Sistemática da Literatura Científica: Lima Barreto, a Loucura e a Loucura em Lima Barreto; (6º) Análise e Discussão dos Resultados: Narrativas de Lima Barreto e Elucubrações Ulteriores; e (7º) Considerações Finais: Arremates. Enquanto resultados, vale destacar que Lima Barreto foi um dos primeiros homens negros brasileiros a ter escrito sobre a realidade de um hospital psiquiátrico no país, enquanto paciente, quando de sua própria internação. Não se pode afirmar, categoricamente, que as suas vivências raciais e manicomiais o conduziram aos percalços com os quais se deparou em vida; todavia, tais percalços somam-se a um todo de análises que o próprio autor produziu, em suas obras, sobre a vida no Brasil do início do século XX. Nestas, ele evidencia a existência de um sistema opressor ante a população que se metaforiza na expressão do que deveria ser o “cuidado” às pessoas “alienadas” ou “loucas”, mas que acaba revelando-se como algo sobremaneira humilhante – especialmente quando direcionado a pessoas negras. Logo, longe de propor conclusões rotundas, procuramos provocar quais lugares foram reservados ao pensamento psicológico/psiquiátrico nacional de época na obra selecionada de Lima Barreto, de forma a que esta pesquisa possa, então, balizar a análise de nossas práticas profissionais em Saúde Mental na atualidade, evitando a repetição de erros do passado e provocando a produção de práticas em Saúde Mental que se proponham, efetivamente, antimanicomiais e antirracistas.