Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Ferreira, Gustavo Wada
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Orientador(a): |
Abib, Pedro Rodolpho Jungers
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Banca de defesa: |
Abib, Pedro Rodolpho Jungers
,
Macedo, Roberto Sidnei
,
Nunes Neto, Francisco Antonio
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal Da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE)
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Departamento: |
Faculdade de Educação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36565
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Resumo: |
Diante da problemática da valorização dos saberes acerca dos usos de plantas nas curas populares, essa pesquisa buscou compreender como esses saberes são formados, transmitidos e atualizados. O termo curas populares, assim como medicina popular ou medicinas populares, são usados para designar saberes e práticas de manutenção e restauração da saúde física, mental e espiritual, socialmente referenciadas em diversas culturas nãohegemônicas. Durante esse trabalho tivemos contato com vendedoras e vendedores de folhas, nas bancas da Feira de São Joaquim (FSJ), botiqueiras, rezadeiras, e uma liderança indígena da área da saúde. A pesquisa de campo teve início na Feira de São Joaquim com os trabalhadores das bancas de folhas, onde os dados foram levantados e sistematizados por meio de pesquisa de inspiração etnográfica. Outro momento da coleta de dados ocorreu durante a disciplina “Ação Curricular em Comunidade e em Sociedade (ACCS): Mestras e Mestres da Cultura Popular”, na UFBA, onde vimos a atuação de três mulheres que utilizam plantas para tratar enfermidades e que exercem essa atividade em suas respectivas comunidades, localizadas em distintas áreas urbanas de Salvador-BA: Mádisa Oliva (coordenadora da botica da terra); D. Gegé (rezadeira de Itapuã); e Uhitwê Pataxo (ex presidente do conselho indígena de saúde e universitária). Além de ouvir sobre os caminhos formativos dos seus saberes e práticas, a participação delas também possibilitou refletirmos a respeito da inserção dos saberes populares na formação superior. Por tratar-se de uma manifestação tão hibrida como são as curas populares, os recursos para levantamento, sistematização e interpretação dos dados foram baseados em métodos de diferentes áreas, como sugere CANCLINI, (2003), tais como: antropologia (LAKATOS E MARCONI, 2003; CANCLINI, 2003), comunicação ( BAKHTIN, 2010 ; FISHMANN, 2000, VANSINA, 2010), ecologia (TOLEDO, V. M. BARRERA-BASSOLS, 2015), educação popular (FREIRE, 1993), etnobotânica (ALMEIDA, 2011; CAMARGO., 2014), etnografia (MACEDO 2005, 2006; PUJADAS, 2010) e História (BENJAMIN, 2000; THOMPSON 1998). Além disso, o referencial teórico compartilha da perspectiva decolonial e também dos pensamentos que contribuíram na sua formação(marxismo, pós-estruturalismo e estudos culturais e pós coloniais). Com o estudo pudemos observar de que forma a medicina hegemônica se desenvolveu alicerçada no conhecimento acumulado das práticas tradicionais, embora estas sejam atualmente discriminadas. Já o desenvolvimento das curas populares se mostrou como resultado da apropriação dos bens econômicos e culturais pelos grupos subalternizados e, consequentemente, possuem uma ética e um sentido próprios às culturas populares. Ante o exposto na pesquisa, concluímos que os saberes das curas populares, estão presentes nas experiências das mestras e mestres que são capazes de transmitir, elaborar e atualizar esses saberes, sendo os principais agentes dessa cultura. Por isso, a salvaguarda das curas populares passa por políticas públicas que garantam subsídios para que mestras e mestres tenham condições de dar continuidade à essas praticas. A universidade, por sua vez, pode – e deve - ajudar a garantir o desenvolvimento da cultura, promovendo a interculturalidade e o desenvolvimento da memória biocultural através de espaços de diálogos entre saberes diversos. |