Prisões, Pistas e Encadeamentos: Uma Experiência de Teatro no Conjunto Penal Feminino (CPF) - Salvador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Requião, Simone
Orientador(a): Silva, Hebe Alves da
Banca de defesa: Lourenço, Luiz Claudio, Bezerra, Antônia Pereira
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27311
Resumo: RESUMO Por meio da presente dissertação, apresento os encadeamentos do processo de encenação que aconteceram no Conjunto Penal Feminino de Salvador (CPF), cartografados na travessia entre o teatro e o presídio, com o intuito de investigar as interações entre o espaço físico do sistema prisional, suas disciplinas e circunstâncias normativas, com vistas à ideação da existência de um lugar onde as fronteiras são permeáveis, constituindo uma zona de transgressão, não restrita ao espaço físico, mas resultante da articulação do espaço das diversidades, um espaço dinâmico, espaço “de e para” criação, onde somos confrontados com os nossos próprios limites. Assim, discorro sobre quem penso que sou, porque escrevi esta dissertação e como materializei essa produção, em parte dialética e em parte subjetiva, na qual me coloco na posição de sujeito errante de uma trajetória rizomática. O propósito foi discutir “no e sobre” o presídio, um lugar de encontros e desencontros, lugar de relações com um outro que poderia ser nós mesmos. A partir das formulações de Lemgruber, Goffman, Foucault, Carvalho Filho, Maia e colaboradores, acerca do poder, controle e vigilância das instituições totais, das consequências e privações do encarceramento, destaco aspectos percebidos que poderiam despir noções e preconceitos a respeito de quem está presa ou preso e com isso alterar configurações do pensamento de quem está fora dos muros dos cárceres. Nesse trajeto, os princípios e técnicas do TO forneceram considerável suporte para o desenvolvimento das oficinas e, junto com os indutores do jogo proposto por Ryngaert, propiciaram a elaboração de proposições que me levaram a compreender o descobrir/saber/fazer teatro em situações adversas. A dissertação divide-se em três pistas que contêm chaves nas quais discuto questões específicas do presídio, do método e da oficina de teatro realizada no CPF. Assim, reflito sobre o presídio como instituição total e molar detentora do tempo de pessoas e sobre as consequências do encarceramento; sobre o processo como método da pesquisa, mapeando tudo que pensava em conjunção com as leituras, experimentos, músicas e as vozes que ecoavam, pois precisava visualizar os territórios por onde me deslocava e, sendo assim, elaborei mapas visuais para entender as possíveis conexões de força entre eles e os dispositivos de pergunta/resposta/pergunta a partir dos quais fagulhas do pensamento de Deleuze e Guattari sustentaram o trajeto e as possibilidades de cruzamento que dele surgia. Descrevo as singularidades da criação no Conjunto Penal Feminino – Salvador, que foram divididos no período do Projeto Dialogando com a Liberdade em 2014 e durante o reencontro com às mulheres presas, que aconteceu em 2017/2018, período desta investigação. Assim, aproximei e ao mesmo tempo delimitei as fronteiras entre o teatro e o presídio (liberdade e encarceramento), para encadeá-las na escrita desta dissertação. Deste modo, nas considerações nada finais concebo o teatro como ato de resistência que projetou a voz das mulheres presas.