Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Salvador, Lenine |
Orientador(a): |
Fernades, Ciane |
Banca de defesa: |
Silva, Amabilis,
Tudella, Eduardo,
Agra, Lucio,
Martins, Suzana |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Escola de Teatro da UFBA
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31842
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Resumo: |
A questão da tese foi como lidar com a exposição tridimensional e ao vivo em uma era em que o modo de perceber é predominantemente visual e constantemente chamado à bidimensionalidade das telas e aparatos técnico-tecnológicos que compõem a atenção de quem vive em cidades e participa da cibercultura. Tal questão foi expandida de um projeto artístico chamado Artifício, em que as ações performativas pela artista da presença ao vivo foram mediadas e motivadas pela relação direta com objetos cênicos, escolhidos por serem artifícios criados como extensão da função visual humana: aparatos eletrônicos móveis como o celular, telas, câmeras de registro audiovisual, luminárias, antenas e persianas. Esses objetos atravessaram diversas funções, desde cenários a figurinos e foram condicionantes da mobilidade da presença corporal durante as ações de intervenção urbana e instalações de galeria, bem como promoveram a participação do público através de sua autoimagem. Especificamente, a tese expandiu a questão formantada na última ação do projeto, chamada Artifício II, realizada no Bauhausfest no ano de 2015: o intercâmbio entre os atos de exposição artística e do público através da autoimagem. A implicação do público como motivador do trabalho artístico e de sua participação especular, refletiu na observação acerca da característica de mídia e imagem que esses aparatos possuem e de sua interação com os valores simbólicos em torno da imagem de si e do espelho. Reflexivamente, fez dessa questão um mote para perceber o atravessamento técnico-tecnológico dos artifícios humanos como mobilizadores da poieses de si, não apenas em arte, mas na construção da subjetividade, interação sociocultural e mundo do trabalho. Situada no campo da performance, a tese chama à hibridização de linguagens artísticas, de comunicação, de estéticas, de poéticas e de eventos cotidianos. Também se colocou diante de análises críticas de fenômenos da modernidade, pós-modernidade e da tradição para ler o desenvolvimento técnico-científico que promove a mudança de paradigma em curso na sociedade glocal, através do convívio cada vez mais proeminente da visualidade 2D e do fenômeno crescente da exposição da imagem de si. Por isso, considerou a multiplicidade e a efemeridade como fatores que desestabilizaram as noções autocentradas de trabalho e de sujeito para a construção das narrativas mestras (self, Estado, Nação), no processo de reformulação dos mitos em torno da imagem, quando colocados em eventos que convocam a uma tomada de posição pelo público. Nesse caso, os exemplos mais relevantes foram os trabalhos Illusions de Grada Kilomba, Obedience de Greenway e Bodekke, a análise de Susan C. Haedicke acerca do processo de reflexividade e a leitura sobre a ópera chinesa e sua influência no efeito autoreflexivo do público no teatro brechiano. Por conseguinte, houve o maior vigor na leitura de projetos multimeios, multiartes, mas também de artistas que valorizaram os estudos de técnicas materiais que promovem o intercâmbio entre a bidimensionalidade e a tridimensionalidade no tratamento da imagem. Nesse último caso, duas análises técnicas pareceram relevantes: o trânsito entre os estudos da plástica e do palco nas obras de Oskar Schlemmer, na Bauhaus; e a técnica da perspectiva na pintura e sua relação com o cinema no projeto Nine Classic Paintings de Peter Greenway, devido ao fator de ser o recurso que ainda prevalece nas imagens técnicas com as quais artistas e público estão, cada vez mais, explorando a criação expressiva e cotidiana com a imagem de si. Tais análises foram consideradas como abordagens que podem colaborar para um letramento simbólico e visual acerca da presença da autoimagem por parte do artista da efemeridade e do público interessado na relação entre arte, ofício e vida. A abordagem usada encontra-se na continuidade dos estudos do mestrado, ao que propus como a Cartografia Somático-Performativa, quando busca-se mapear o modus operandi de pesquisas que estão próximas e implicadas com a experiência criativa do pesquisador da área de Artes Cênicas. |