Etnobioética, autonomia universitária e pesquisa em humanos no Brasil do covid-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araújo, Antonio Fábio Medrado de lattes
Orientador(a): Martins Netto, Eduardo lattes
Banca de defesa: Daltro, Carla Hilário da Cunha lattes, Martins Netto, Eduardo lattes, Freire, Songeli Menezes lattes, Reis, Nilo Henrique Neves dos lattes, Dunningham, William Azevedo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Medicina e Saúde (PPGMS) 
Departamento: Faculdade de Medicina da Bahia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37089
Resumo: OBJETIVOS. Discutir sobre os elementos de uma bioética da pesquisa (com inovação tecnológica) em humanos no Brasil do COVID-19. E, particularmente: a) especular acerca da integridade da bioética em seu nascimento, à luz das similaridades que permeiam o escrito primordial de Paul Max Fritz Jahr e o de van Rensselaer Potter; b) revisar a ética aplicada à investigação envolvendo humanos, sob o prisma da transição entre as Resoluções (CNS) nº 196/96 e nº 466/12, e da ameaça de extinção do sistema CEP/CONEP; c) compreender a resistência etnobioética, expressão da autonomia das universidades públicas brasileiras e entes afins contra o negacionismo oficial ao longo da coronacrise (2020-2022); d) discutir o turismo suborbital enquanto referência analítica aos riscos da pesquisa em humanos sem um controle bioético como o sistema CEP/CONEP; e) pontuar a decisão federal e anticientífica de seguir investindo no “tratamento precoce” à base de cloroquina, depois de fevereiro de 2021, em detrimento da vacina (MMR) tríplice viral; f) explicar como a dúvida sobre a origem do vírus SARS-CoV-2 põe em xeque a inovação/patenteamento de vacinas específicas. MÉTODO. A partir da leitura e atualização crítica de texto-base da bioeticista Maria da Gloria Gomes, revisitamos não só o escrito primordial de Jahr e de Potter, em arqueologia de suas equivalências, mas também o enredo da transição entre as Resoluções (CNS) nº 196/96 e nº 466/12, que convive, desde o PL nº 200/2015, com a ameaça antidemocrática de extinção da rede CEP/CONEP. Ato contínuo, por estratégia autoficcional e de inspiração camusiana, elegemos falas/ações delatoras do negacionismo presidencial e de agentes do primeiro escalão (último quadriênio), para sublinhar o policiamento à autonomia e democracia universitárias durante a zoonose pandêmica, imaginando lugares (Pequi, sucessora folclórica do Brasil; Rio Tijuca; Distrito Kubitschek), personagens (Obtusus-Rainha, Obtusus-Operárias) e panorama (front acadêmico) que espelham uma dramatização da realidade nacional. Uma combinação dos métodos “análise de conteúdo” e “análise de discurso” permeou a tese, sendo, ambos, opções que se harmonizam às exigências conjunturais dos objetivos. RESULTADOS. Descreveu-se a situação do objeto preferencial da escola brasileira de bioética — protocolo envolvendo humanos —, fragilizado pela ameaça de extinção do sistema CEP/CONEP. As condicionantes históricas identificadas foram a hipótese de que a bioética teria nascido sob o plágio de Potter a escritos de Jahr; e, ainda, a transição da Resolução (CNS) nº 196/96 à de nº 466/12. Estando na vanguarda tanto da ciência quanto da ética aplicada às pesquisas em humanos, a transversalidade de temas como viagem suborbital, vacina tríplice viral contra o COVID-19 e origem do SARS-CoV-2 serviu de referência ao papel assertivo que a bioética pode assumir, mesmo sob o julgo do negacionismo/anticientificismo. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO. Universidades públicas respondem por quase toda a produção científica brasileira. Tamanha proeminência fez com que as universidades estatais colaborassem, decisivamente, para viabilizar o sistema CEP/CONEP. E a radicalização, no governo anterior, das tentativas de extingui-lo mirava a autonomia público-universitária, alvo de retaliações durante a exasperação premeditada do COVID-19. As considerações finais são: é válida a hipótese de que Potter teria plagiado o imperativo bioético de Jahr; a transição entre as Resoluções nº 196/1996 e nº 466/2012 sedimentou o controle social sobre a pesquisa científica em humanos, via sistema CEP/CONEP; paira sobre o Estado brasileiro a ameaça de extinção da rede CEP/CONEP, a reboque do PL nº 7082/2017; o negacionismo e anticientificismo do governo anterior buscavam minar a autonomia público-universitária, responsável por mais de 95% da produção científica do país; a exasperação (premeditada) do COVID-19 franqueou um genocídio de Estado contra indígenas e quilombolas; toda a bioética é etnobioética e, no Brasil, democratizar é academizar; o turismo espacial, em sua dimensão de pesquisa, menosprezou preceitos elementares da bioética, arriscando a dignidade individual e socioambiental dos participantes; o fraco apoio do último governo a estudos capazes de avaliar a MMR como fator de proteção contra o COVID19 pode ter agravado sua letalidade; é possível que o SARS-CoV-2 seja uma invenção (origem artificial), o que tornaria ilegal patentear vacinas de combate específico ao COVID-19