Cores, deficiência visual e figuras de linguagem: interfaces à luz da multissensorialidade na audiodescrição de As cores no mundo de Lúcia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Adriana da Paixão lattes
Orientador(a): Anastácio, Sílvia Maria Guerra lattes
Banca de defesa: Anastácio, Sílvia Maria Guerra, Araújo, Vera Lúcia Santiago, Tureccck, Lúcia Terezinha Zanato, Pereira, Julio Neves, La Regina, Sílvia
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura (PPGLINC) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39571
Resumo: A presente tese traz como proposta investigar as possíveis interfaces entre cores, deficiência visual e audiodescrição a partir do suporte de recursos linguísticos no processo de percepção das cores. Tendo como participantes uma consultora em audiodescrição catarinense, cega, e 08 pessoas adultas, cegas e com baixa visão, de idades entre 40 e 65 anos, matriculadas em uma instituição de educação e reabilitação de pessoas com deficiência visual, localizada em Salvador – BA. Este estudo tem como objetivo geral compreender os meios pelos quais a pessoa com deficiência visual constrói sua representação das cores a partir de oficinas multissensoriais. Os objetivos específicos são: (i) descrever as possíveis significações das cores para a pessoa com deficiência visual; (ii) identificar os tipos de recursos linguísticos que podem ser utilizados para falar de cores com uma pessoa com deficiência visual; (iii) demonstrar que a audiodescrição favorece o contato de pessoas com deficiência visual com elementos visuais; (iv) verificar as associações nos âmbitos linguístico, emocional e sensorial da pessoa com deficiência visual podem ocorrer a partir do contato com as cores; (v) propor a possibilidade de a pessoa com deficiência visual possa, a partir da leitura de “As cores no mundo de Lúcia”, reorganizar seus conhecimentos de mundo sobre cores. Ao considerar que as pessoas com deficiência visual têm o direito às informações existentes em quaisquer imagens, esta pesquisa tem como contributo a possibilidade de uma reconstrução coletiva de um roteiro de audiodescrição proporcionar a outras pessoas cegas ou com baixa visão o acesso à leitura, especificamente de livros ilustrados e suas ricas e criativas imagens. Como aporte teórico, apresentam-se os estudos da acessibilidade, deficiência visual e legislação sobre livro e leitura (Brasil, vários); Teorias das cores, Semiótica, Multimodalidade, Multissensorialidade e Antropologia dos sentidos (Goëthe, [1810] 2013; Heller, 2013; Berlin & Kay, 1969; Guimarães, 2004; Peirce, 2005; Santaella, 1998, 2012, 2017; Kress & Leeuwen, 2001; Le Breton, 2014); os estudos sobre a Tradução Audiovisual e Audiodescrição (Araújo, 2016; 2008; Diaz Cintas, 2017); e Livros ilustrados: conceitos, tipos e relações texto-imagem (Nikolajeva & Scott, 2011; Salisbury & Styles, 2013; Linden, 2018). Para atender aos objetivos propostos, este estudo foi dividido em 03 partes: a primeira consistiu na elaboração de um roteiro de audiodescrição da obra de Santos e Nascimento (2010); a segunda, envolveu a análise do perfil dos participantes, a elaboração e posterior aplicação de oficinas multissensoriais; a terceira, foram organizadas, para a coleta de dados, 09 oficinas multissensoriais que, a partir de atividades com materiais concretos, propiciaram a geração dos dados necessários para atender aos objetivos propostos. A obra selecionada para tal finalidade foi As cores no mundo de Lúcia, escrito por Jorge Fernando dos Santos e ilustrado por Denise Nascimento. Na tentativa de reconstruir e privilegiar o processo de verificação da presença das cores a partir de recursos linguísticos, esta tese acessa os bastidores de revisão e posterior adaptação do texto originalmente produzido pela autora, através da Crítica Genética (Biasi, 2010) e Análise de Conteúdo (Bardin, 2016), com posteriores avaliações das rasuras produzidas inicialmente e, por fim, posterior análise, categorização e discussão das informações que pudessem atender aos objetivos de pesquisa. Os resultados obtidos revelaram a necessidade de políticas públicas que favoreçam a acessibilidade à leitura. Além disso, o estudo mostrou uma realidade linguística das pessoas com deficiência visual, que necessitam de materiais concretos que lhes sejam instigadoras de curiosidade, especificamente quanto ao uso de recursos como metáforas, símiles e sinestesia. Por fim, revelaram também que a audiodescrição, especificamente de livros ilustrados, oportunizam para leitores com deficiência visual possibilidades ilimitadas de leitura, enriquecidas com o uso de materiais multissensoriais, valorizando, assim, seus repertórios de mundo e a elaboração de novos conceitos e reflexões acerca de suas potencialidades.