Reflexões sobre rua: tensões entre memória e imaginação em experiências nas ruas soteropolitanas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Vaz, Caroline Bulhões Nunes lattes
Orientador(a): Serpa, Angelo Szaniecki Perret lattes
Banca de defesa: Serpa, Angelo Szaniecki Perret lattes, Marandola Júnior, Eduardo José lattes, Novaes, André Reyes lattes, Brito, Marcelo Sousa lattes, Dozena, Alessandro lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO) 
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/36080
Resumo: A intenção de estudar a rua, especialmente as ruas brasileiras e de Salvador, se deu por preocupações teóricas sobre as transformações do mundo e da cidade, emanadas da obra de Walter Benjamin e Richard Sennett. Deste modo, as suas reflexões sobre as transformações no cotidiano urbano e o aprofundamento da modernidade nos seus vários aspectos, desde a alteração das relações sociais até as implicações na própria vida urbana, ressoaram com as minhas próprias experiências urbanas. No âmbito dos estudos geográficos, com algumas exceções, a rua é um fenômeno auto- representado, considerado ou através de uma perspectiva de morfologia urbana, ou como o centro de ação e vida, mas raramente é o principal ponto de discussão no Brasil. Neste sentido, procurei construir esta investigação considerando a rua a sua principal escala geográfica e o objeto de análise, porque o foco na rua torna visíveis as transformações da cidade e permite uma compreensão dos processos em curso e das práticas espaciais de habitar a cidade. Assim, procurei uma aproximação entre a fenomenologia e a dialética para ligar as circunstâncias individuais e a estrutura social a fim de ponderar a rua como um fenômeno circunstancial da experiência urbana. Desse modo, a memória e a imaginação foram as duas categorias escolhidas para articular as dimensões temporal e espacial da experiência, que revelaram os pensamentos e as ações das pessoas para o seu futuro e as suas esperanças para a sociedade, através da sua relação com o lugar e a paisagem. Esta investigação foi afetada pela pandemia, o que exigiu alterações no seu âmbito. Nesse sentido, foi preciso de reorganizar a metodologia, para se adequar ao atual contexto de quarentena e distanciamento social brasileiro. Então, optei por sistematizar e analisar notícias, cobrindo o período entre março de 2020 e maio de 2021, como fontes de informação sobre a cidade e as suas ruas. Além disso, 11 entrevistas visaram responder à pergunta "o que é isto: a rua?", considerando as particularidades de cada entrevistado, os seus vários contextos sócio-espaciais-temporais, as suas possibilidades e circunstâncias, para contribuir para os estudos urbanos e particularmente para o planejamento urbano. Os resultados mostram o potencial da rua para manifestar a dinâmica da vida na cidade, através da tensão entre o público e o privado. A rua favorece a criação de imagens da cidade, assim negociada entre indivíduos e o coletivo. As narrativas dos indivíduos sobre as ruas transformam-nas em paisagens urbanas, dando-lhes sentido e força de lugar. Finalmente, apresenta vários significados que são circunstanciais e que se relacionam tanto com a estrutura do mundo como com conjunturas particulares, sendo, a um só tempo, singulares e transversais à compreensão da cidade. As notícias mostraram a importância dos meios de comunicação social como criadores de narrativas sociais, porque unificam fragmentos da cidade, construindo representações hegemônicas positivas ou negativas sobre bairros e ruas.