Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Porto, João Antônio Brito
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Orientador(a): |
Santos, Adriano Maia dos |
Banca de defesa: |
Carvalho, Jamille Amorim,
Lima, Elvira Caires de,
Santos, Adriano Maia dos |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC - IMS)
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Departamento: |
Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS)
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40683
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Resumo: |
A presente dissertação analisa as experiências de moradoras de Municípios Rurais Remotos (MRR) do Semiárido brasileiro, por meio de dois eventos traçadores – Atenção ao Pré-Natal, Parto e Puerpério e Controle do Câncer de Colo do Útero. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, cujos dados foram produzidos por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com mulheres, em quatro MRR, de três estados brasileiros – Bahia, Minas Gerais e Piauí. Esse estudo utiliza parte dos dados da pesquisa nacional Atenção Primária à Saúde (APS) em Municípios Rurais Remotos no Brasil coordenada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As participantes do estudo foram 27 mulheres, com idade ≥ 18 anos, residentes em áreas urbanas e rurais de MRR, divididas em dois grupos: grupo 1, 14 usuárias da APS que tiveram gestação/parto nos últimos 12 meses; e grupo 2, 13 usuárias da APS que tiveram um exame de Papanicolau alterado pelo menos há 12 meses. Os resultados estão organizados em dois artigos: 1) Experiências de moradoras em municípios rurais remotos do semiárido brasileiro envolvendo a atenção ao pré-natal, parto e puerpério; 2) Ações para rastreio e controle do câncer de colo do útero de usuárias residentes de municípios rurais remotos do semiárido brasileiro. Em ambos recortes, os resultados evidenciam que as desigualdades no acesso aos serviços de saúde no semiárido brasileiro são persistentes e incidem fortemente entre as mulheres de áreas mais remotas. Ainda assim, a APS despontou como um modelo organizativo fundamental para redução das iniquidades, uma vez que sua capilaridade permite o cuidado cotidiano de moradoras de localidades mais isoladas. Os profissionais da APS, especialmente os agentes comunitários de saúde (ACS), desempenham um trabalho imprescindível para vinculação das mulheres aos serviços de saúde, visto que atuam como porta-vozes da comunidade. Todavia, as barreiras de acesso à atenção especializada perduram e impõem descontinuidade e perda do cuidado em tempo oportuno. Em síntese, nos MRR, as usuárias têm dificuldade de garantia de um cuidado ofertado de maneira articulada entre os diferentes níveis assistenciais. No artigo 1, as usuárias demonstraram satisfação com a qualidade na consulta durante o pré-natal, percepção essa fundamental para garantir uma forte adesão e assiduidade às consultas na APS. Porém, as usuárias, comumente, dependiam de outros meios para acessar exames laboratoriais e de imagem voltados ao da gestação e, no parto, frequentemente não era disponibilizado um transporte sanitário público. No artigo 2, as mulheres que faziam o exame de Papanicolau na APS, igualmente, tinham seu percurso assistencial interrompido ou retardado quando necessitavam de consultas/exames especializados, principalmente diante de lesões precursoras de CCU, dadas às adversidades de deslocamento aos serviços especializados localizados em outros municípios ou em decorrência do atraso na marcação ou regulação das consultas. Assim, as mulheres para acessarem o ginecologista de referência, os exames complementares e, até mesmo, o tratamento em caso de CCU não contavam com a garantia regular de transporte sanitário satisfatório, além disso, a logística para cumprir as trajetórias assistenciais eram fragmentadas e produtoras de iniquidades. Por fim, a fragmentação nas experiências assistenciais para as duas condições traçadoras coloca em xeque a longitudinalidade do cuidado, fazendo com que as populações mais vulneráveis, contraditoriamente, precisem compor um mix público-privado para garantir suas condições mínimas de acesso à saúde, geralmente, por meio de desembolso direto, acirrando, ainda mais, as desigualdades sociais. |