Muito Longe?: a saúde materna em municípios rurais remotos brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Tetemann, Edialy Cancian
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-13112024-195700/
Resumo: Introdução-As populações de áreas rurais remotas enfrentam grandes desafios no acesso a bens e serviços públicos. A remoticidade, a dispersão populacional e as barreiras geográficas, somadas à ausência de políticas de desenvolvimento regional sustentável, adequadas às suas características culturais, contribuem para a dificuldade no acesso, inclusive aos serviços de saúde. Destacam-se a falta de profissionais, baixa qualidade do serviço, piores indicadores de saúde, e falta de cobertura de qualquer tipo de serviço de saúde público-privado. Estas dificuldades, junto aos baixos índices socioeconômicos se refletem sobremaneira na mortalidade materna e perinatal. Objetivo-analisar o acesso ao pré-natal, parto e puerpério nos municípios rurais remotos-MRR do Brasil. Método-estudo de casos múltiplos, utilizando métodos mistos. De modo a analisar o desfecho do parto de nascidos vivos com baixo peso-BPN no Brasil com foco nas mulheres residentes nos MRR e sua relação com o deslocamento para o parto, foram selecionados e analisados, por meio de regressão logística, todos os MRR-323, utilizando dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos-SINASC, de 2013-2019 no Brasil. Foram selecionados três clusters de RMM, de acordo com o percentual de deslocamento para o parto e BPN: Vetor Centro-Oeste-VCO; Matopiba e Norte de Minas. Nestas regiões o acesso ao pré-natal, parto e puerpério foi analisado a partir do referencial teórico de Russel, as dimensões analisadas foram: Disponibilidade, Geografia, Acessibilidade, Alojamento, Oportunidade e Aceitabilidade. Foram entrevistados 127 gestores, profissionais de saúde e usuárias de UBS dos Municípios selecionados. As análises de conteúdo foram realizadas por meio de leitura em profundidade e software QSR NVIVO-2.0. Resultados-Entre 2013-2019, foram registrados no SINASC 20.476.367 NV no Brasil, desse total 2,14% em MRR. No Brasil, o parto com deslocamento apresenta 1,2 vezes a chance de BPN, potencializada por interação com os MRR. Morar em MRR foi fator protetor-OR-0,6. O modelo apresentou maiores chances de BPN em gestações<37 semanas-16,2, gravidez múltipla-10,0, parto cesáreo-1,1, mães adolescentes-1,1, <sete consultas PN-1,7, nascimento em outros locais-2,0, mães negras-1,2 e ano de nascimento recente-1,02. A partir das entrevistas, percebe-se que, mesmo com número de equipes adequadas à população, as equipes concentram-se na sede municipal, com deslocamentos constantes, gerando desembolsos diretos com transporte. A usuárias relatam também despesas com medicamentos e exames no decorrer do pré-natal. Embora a maioria dos partos seja hospitalar, foram relatados partos domiciliares e a caminho do serviço de saúde. Como potencialidades, a dimensão de alojamento para parturientes ocorre nas capitais e em municípios do VCO. A presença de parteiras é residual, porém as comunidades tradicionais encontradas têm suas práticas preservadas, de modo isolado dos serviços de saúde. Conclusão-Os clusters com maior risco de desfechos desfavoráveis, ainda que menores que os do Brasil, foram aqueles com maiores níveis de deslocamentos locais (pré-natal habitual) e regionais (pré-natal de alto risco). Desta forma, a infraestrutura/logística necessária deve ser parte integrante das políticas de saúde e modos de organização locorregionais. Considerando a interculturalidade, é essencial reduzir as distâncias simbólicas, incorporando as práticas tradicionais e ampliando o acesso aos serviços de saúde neste ciclo de vida materno.