Coerência, coesão e texto na sala de aula: o essencial é invisível aos olhos?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Oliveira Júnior, Osvaldo Barreto
Orientador(a): Muniz, Dinéa Maria Sobral
Banca de defesa: Silva, Arlete Vieira da, Souza, Emília Helena Portella Monteiro de, Beltrão, Lícia Maria Freire, Arapiraca, Mary de Andrade, Silva, Obdália Santana Ferraz, Almeida, Risonete Lima de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18605
Resumo: As concepções de coerência e coesão apreendidas pelos professores, no continuum formação docente e exercício profissional, ressoam significativamente nas abordagens do texto em sala de aula, uma vez que, como sujeitos do conhecimento, os professores produzem saberes que mantêm íntima relação com o trabalho que desenvolvem no exercício da docência. Por essa razão, diante do desafio de atribuir ao texto centralidade no processo de ensino-aprendizagem da língua na escola, os saberes docentes sobre coerência e coesão influenciam as atividades de leitura e de escrita desenvolvidas em sala de aula. Fundada nesse argumento, esta pesquisa objetivou compreender como professores de língua portuguesa do Ensino Médio concebem fenômenos centrais abordados nos estudos textuais, como coerência e coesão, e quais as ressonâncias dessas concepções nas atividades de ensino-aprendizagem da leitura e da escrita que esses profissionais desenvolvem com seus alunos. Para isso, foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa - com amostragem por caso único, do tipo meio institucional - acionando dois procedimentos: a entrevista compreensiva e a observação participante. A pesquisa contou com a colaboração voluntária de três professora de língua portuguesa do meio institucional onde foi realizada. Pela entrevista compreensiva, consubstanciada em cinco momentos distintos de conversação com cada uma das professoras participantes deste estudo, tornou-se possível construir diálogos sobre questões centrais implicadas nos tratamentos hermenêuticos e pedagógicos do texto, com destaque para coerência e coesão. Essas conversações foram transcritas e analisadas, visando a uma compreensão responsiva ativa sobre as concepções investigadas. Pela observação participante, foi possível participar do acontecimento aula e analisar as abordagens do texto durante as aulas de língua portuguesa. Para a realização dessa análise, acionamos o aporte teórico das proposições construídas pelas pesquisas da Linguística Textual sobre a adoção do texto como eixo central nos processos pedagógicos. A interpretação dos dados obtidos evidenciou dois modos distintos de abordagem do texto em sala de aula: como produto, cujo sentido é pré-definido no momento de produção, ressoando concepções de coerência e de coesão como qualidades formais apresentadas pela superfície textual; e como processo, cujos sentidos podem ser consubstanciados durante a interação, ressoando concepções de coerência e coesão como atividades coconstruídas pelos interlocutores. A realização dessa pesquisa permitiu compreender que os saberes sobre coerência e coesão desenvolvidos pelos sujeitos deste estudo se sobrepõem a outros no que se refere a adoção do texto como eixo central do processo pedagógico de ensino da língua. Isso porque, ao pensarem o texto, formulando um conceito, as docentes parecem ativar uma espécie de frame, associando esse conceito a outros correlatos. Nessa associação, nem sempre o conceito de língua é relacionado diretamente ao de texto, como geralmente se faz nas teorias e pesquisas linguísticas. Então, para que o texto assuma a centralidade das atividades desenvolvidas em sala de aula, é preciso mais investimento em formação do professor, possibilitando-lhe desenvolver concepções que ressoem, em seu fazer pedagógico, abordagens do texto como processo, possibilidade de sentido, em vez de se perpetuarem abordagens estruturais não condizentes como as instabilidades do processamento textual.