PRÓPOLIS VERDE BRASILEIRA E TERAPIA FOTODINÂMICA ANTIMICROBIANA: CARACTERIZAÇÃO, AVALIAÇÃO IN VIVO E DESENVOLVIMENTO DE MICROEMULSÃO PARA O TRATAMENTO DE INFECÇÕES INTRADÉRMICAS CAUSADAS POR Staphylococcus aureus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ribeiro, Israel Souza lattes
Orientador(a): da Silva, Robson Amaro Augusto lattes
Banca de defesa: Da Silva, Robson Amaro Augusto lattes, Magalhaes Gusmão, Amelia Cristina Mendes de lattes, Marques, Lucas Miranda lattes, Rosa, Luciano Pereira lattes, de Oliveira, Gisele Lopes lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas (PMPGCF) 
Departamento: Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS)
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39481
Resumo: Introdução: Infecções de pele e tecidos moles são um importante problema de saúde pública mundial. Staphylococcus aureus é a principal causa desse tipo de infecção, de modo que o desenvolvimento de resistência é um dos principais fatores ligados à sua propagação e aos desafios no seu tratamento. Nesse contexto, a terapia fotodinâmica antimicrobiana (TFA) com produtos naturais tem se mostrado uma boa alternativa no combate às infecções causadas por microrganismos resistentes aos antibióticos, pois agregam benefícios inerentes a esses compostos aos danos causados pelas espécies reativas de oxigênio induzidas pela TFA. A própolis verde brasileira possui efeitos conhecidos como agente antimicrobiano e imunomodulador. Contudo, não se sabe ao certo se tais atividades seriam mantidas se utilizada no contexto da TFA. Objetivos: O objetivo do presente estudo foi caracterizar o perfil fitoquímico da própolis verde brasileira e sua atividade como fotossensibilizador para TFA, avaliar os seus efeitos antimicrobianos e imunomoduladores in vivo e desenvolver microemulsão para o tratamento de infecções intradérmicas causadas por S. aureus resistentes à antibióticos. Materiais e Métodos: Realizou-se espectrometria de absorção molecular UV-Vis para avaliar os comprimentos de onda com potencial para ativar a própolis verde. Posteriormente, cepas de referência de Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina (MRSA ATCC 43300) e Staphylococcus aureus Intermediário à Vancomicina (VISA ATCC 700699) foram expostas a concentrações variadas de própolis verde: 1µg/mL, 5µg/mL, 10µg/mL, 50µg/mL e 100µg/mL e estimuladas por luz LED azul, verde ou vermelha. Em seguida, avaliou-se o potencial zeta das bactérias expostas à própolis verde brasileira a fim de caracterizar um possível local de ação da própolis. Logo após, foi realizada cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodos acoplado à espectrometria de massas em tandem, juntamente com análise clássica de redes moleculares, para identificar potenciais moléculas bioativas com atividade fotodinâmica. Finalmente, foram realizadas análises de citotoxicidade em eritrócitos e em células nucleadas. Após essa etapa, avaliou-se os efeitos antimicrobianos e 9 imunomoduladores da utilização da própolis verde brasileira como fotossensibilizador contra S. aureus in vivo, em modelo de infecção intradérmica em camundongos. Por fim, desenvolveu-se microemulsão como um sistema de entrega transdérmica da própolis verde brasileira, caracterizando-se o sistema microemulsionado e realizando os testes de estabilidade preliminar. Resultados: Observou-se que a própolis verde brasileira exibe um pico de absorção pronunciado e fotorresponsividade aumentada quando exposta à luz azul na faixa de 400nm e 450nm. Essa característica revela atividade fotodinâmica significativa contra MRSA e VISA em concentrações a partir de 5 µg/mL. Além disso, a própolis compreende compostos como a curcumina e outros flavonoides provenientes da flavona, que possuem potencial para atividade fotodinâmica e outras funções antimicrobianas. Os testes com potencial zeta não apresentaram diferenças significativas quando as bactérias foram expostas à própolis verde brasileira, o que sugere potencial internalização do composto pelas bactérias. Além disso, a própolis verde brasileira não apresentou toxicidade em eritrócitos e células nucleadas. In vivo, a TFA com própolis verde brasileira reduziu a carga bacteriana no local da infecção, inibiu a perda de peso decorrente da infecção e modulou a resposta inflamatória através de maior recrutamento de células neutrófilos para o tecido infectado. Além disso, a TFA induziu aumento das citocinas IL-17A e IL-12p70 no linfonodo retromaxilar drenante. Por fim, a microemulsão com própolis verde brasileira apresentou tamanho de partícula, índice de polidispersividade e potencial zeta promissores, bem como boa estabilidade nos testes preliminares, mantendo-se a atividade fotodinâmica antimicrobiana induzida por luz azul. Conclusões: A própolis verde brasileira apresenta atividade fotodinâmica, quando estimulada por luz LED azul, capaz de induzir a morte de diferentes cepas de S. aureus, reduzir a carga bacteriana e modular a resposta inflamatória em modelo murino de infecção intradérmica. Além disso, uma microemulsão com a própolis verde brasileira mostra-se promissora, uma vez que apresenta características físico-químicas de interesse e estabilidade viabilizando o desenvolvimento de protocolos que não demandem a injeção local do fotossensibilizador, não gerando dor e incômodo, o que pode diminuir o abandono terapêutico e aumentar a adesão ao tratamento.