Três currículos-dispositivos, uma encruzilhada: a educação profissional em teatro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lima, Francisco André Sousa
Orientador(a): Soares, Luiz Cláudio Cajaíba
Banca de defesa: Coutinho, Denise Maria Barreto, Gallo, Fábio Dal, Molina, Alexandre José, Almeida Júnior, José Simões de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32730
Resumo: Neste trabalho delineio um estudo da organização da aprendizagem no âmbito da educação profissional em teatro visando interpretar, sob um viés epistemológico, as características de seus itinerários formativos. O foco se centra na observação e análise de currículos-dispositivos destinados à formação em interpretação teatral. Por meio da metodologia de estudo de casos múltiplos, analiso as estratégias curriculares e bases conceituais que norteiam práticas localizadas em Salvador-BA e São Paulo-SP. São elas: o curso de formação de atores (Técnico em Teatro – Eixo Tecnológico: Produção Artística, Cultural e Design) da Escola de Arte Dramática vinculada à Escola de Comunicação em Artes da Universidade de São Paulo (EAD ECA USP); o Programa Universidade Livre do Teatro Vila Velha (BA) e o sistema pedagógico em que se insere o curso de atuação da SP Escola de Teatro (SP). A escolha dos casos se orientou pelas configurações institucionais ora existentes no setor (escolas técnicas formais, escolas livres e programas de qualificação profissional não formais) e buscou envolver no escopo de análise o pioneirismo das escolas de teatro modernas e o experimentalismo de iniciativas mais recentes, desenvolvidas a partir de 2010. Busco responder as seguintes questões: Como as instituições observadas no estudo de casos vêm formulando suas estratégias pedagógicas? Que paradigmas epistemológicos orientam seus percursos de ensino-aprendizagem? Que estratégias são ali utilizadas como meio de apropriação dos saberes-fazeres teatrais e o que elas nos indicam sobre o currículo na formação de artistas cênicos? Para respondê-las, além dos dados obtidos em campo, me ancoro nas teorias sobre currículo desenvolvidas por Ivo Goodson, Guimeno Sacristan e Roberto Sidnei Macedo; na teoria da complexidade desenvolvida por Edgar Morin; no conceito de dispositivo proposto por Guilles Deleuze e Feliz Guattari; e no saber de experiência proposto por Jorge Larrosa. De igual modo, para definir educação profissional em teatro, recorro aos marcos legais (decreto federal 5.154/04, as leis federais 6.533/78 e 9.394/96), aos estudos sociológicos de Pierre-Michel Menger e à estética da formatividade de Luigi Pareyson. Por meio desse arcabouço teórico, destrincho aproximações que percebo entre currículo, mundo do trabalho e pedagogia teatral com vistas a identificar as especificidades da formação de artistas cênicos. Na primeira seção do trabalho, realizo delimitações conceituais e apresento um breve panorama das escolas e programas de educação profissional em teatro no Brasil. Da segunda a quarta seção, apresento os resultados da pesquisa de campo que reúnem a análise das propostas pedagógicas, documentos e atos de currículo nas três experiências eleitas para estudo. Na quinta e última seção, destrincho as recorrências encontradas nas experiências, apresento e fundamento os elementos que julgo caracterizar a organização da aprendizagem na formação em interpretação teatral. Como síntese do estudo, defendo a tese de que na educação profissional em teatro os currículos acompanham as propriedades do conhecimento artístico. São, por isso, incompletos, flexíveis, dinâmicos e apostam na autonomia, liberdade e protagonismo das/dos agentes de ensino-aprendizagem. Traduzido esse pensamento por meio da expressão currículo aberto.