Gênero e literatura nos contextos imaginados de América Latina: uma leitura política à narrativa de Nélida Piñon e Isabel Allende

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: María, Antonia Miranda Gonzalez
Orientador(a): Vieira, Nancy Rita Ferreira
Banca de defesa: Vieira, Nancy Rita Ferreira, Rios, Marcia, Silva, Marcia Maria da, Sardenberg, Cecília Maria Bacellar, Macedo, Marcia dos Santos
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23864
Resumo: O objetivo fundamental deste trabalho expressa a necessidade de analisar a relação entre duas obras: A Casa dos Espíritos (1982) da escritora chilena Isabel Allende, escrita em 1942, e A República dos Sonhos (1984) da escritora brasileira Nélida Piñon, de 1937, pela perspectiva de gênero, porém, dentro da lógica interseccional, no período de tempo dos anos 80, com o intuito de analisar as rupturas que podem gerar os modelos de identidade de gênero produzidas por escritoras latino-americanas contemporâneas. A discussão teórica se pautou, sobretudo, no discurso da identidade nacional, unitário, heteronormativo e hegemônico, considerando outras identidades micro, performativas, fragmentadas e invisibilizadas tão relacionadas ao poder como a primeira, que coexistem, são parte consubstancial dos grandes relatos regionais e podem ajudar a construir uma versão particular da história. A metodologia empregada foi basicamente qualitativa pelas vantagens de um desenho de investigação flexível e porque não tinha como propósito estabelecer inferências, embora isto não signifique que faça um entendimento do objeto de estudo sem aceder à análise do geral. A ausência de generalizações não significa que se proponha operar no universo micro descuidando as conexões com a rede mais ampla de fenômenos sociais e instituições e seus laços interativos concernentes ao “contexto”. Os romances foram abordados com o impulso desconstrucionista, que trata de procurar um texto por outro e de dissolver ou embutir um texto em outro, estabelecendo uma dinâmica de leitura que contaminava os dois romances entre si, explicando suas tramas através de uma retroalimentação ativa, indicada pelo intuito de priorizar as imbricações das falas das personagens e extrair delas os aportes para a compreensão dos roteiros dos conceitos sinalizados. Deste modo, a reflexão sobre o assunto se iniciou através de conceitos como os de identidade, nação, nacionalidade, etc., a partir das fontes que oferecem o objeto literário: literatura latino-americana e, especificamente, sua narrativa de mulheres (com suas variações de Américas imaginadas). Utilizou-se, para isto, uma perspectiva interdisciplinar que provoca um movimento de inversão em duplo sentido: para não olhar desde “acima”, desde o “feminismo” o objeto/sujeito literatura das mulheres, senão desde ela, desde sua produção de referentes “nacionais”, olhar, apoiar e/ou confrontar, mediante posturas dialógicas, algumas posturas dos “feminismos” e, também para não encaixar ou embutir esta literatura na sua abordagem do nacional, nas perspectivas, narrativas tradicionais do nacionalismo, senão, em seu lugar, construir ou detalhar as definições (quase sempre abertas) construídas pelas narradoras.