Empatia afetiva e cognitiva e o fenótipo ampliado do autismo: Adaptação Transcultural e Validação de Medidas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Reis, Samara Passos Santos
Orientador(a): Menezes, Igor Gomes
Banca de defesa: Vieira, Nayara Silva Argollo, Hauck Filho, Nelson
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
AQ
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/25216
Resumo: A empatia é atualmente compreendida como um construto multidimensional, sendo esse modelo corroborado por estudos de neuroimagem, incluindo um componente cognitivo, associado com a percepção e compreensão do estado emocional de outras pessoas, e um componente afetivo, que consiste em uma resposta emocional vicária às emoções do outro. Entretanto, muitas medidas de empatia utilizadas na literatura não estão alinhadas com esse modelo atual, o que aponta para a necessidade de refinar esses instrumentos ou desenvolver outros, mais consistentes. Por sua vez, o Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA) é como ficou conhecida a manifestação a nível subclínico de traços cognitivos e comportamentais do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em parentes próximos de indivíduos com tais quadros. Esses traços associados ao fenótipo do TEA parecem apresentar distribuição normal na população, conforme resultados de pesquisas sobre o FAA. Alterações da empatia em indivíduos com TEA já foram observadas em estudos, entretanto, ainda não está claro se esses déficits se resumem ao componente cognitivo da empatia ou também ao afetivo. Pesquisas sobre alterações na empatia afetiva e cognitiva associadas ao FAA podem ajudar a esclarecer esse aspecto, entretanto, para isso, é necessário dispor de instrumentos adaptados e válidos para a população brasileira. Este trabalho teve como objetivo realizar dois estudos de adaptação transcultural e validação de medidas, um para avaliação da empatia em sua compreensão multidimensional e outra, para avaliação de traços associados ao fenótipo do TEA. Ambas as pesquisas foram realizadas através de um formulário online divulgado nas redes sociais, caracterizando uma amostragem pelo método bola de neve. Em ambos os estudos, foram excluídos participantes que declararam sofrer de transtornos neurológicos ou psiquiátricos. O estudo de validação da Affective and Cognitive Measure of Empathy (ACME) contou com a participação de 385 indivíduos de diferentes regiões do país, sendo que 338 permaneceram após aplicados os critérios de exclusão. Foi empregado o método de Modelagem de Equações Estruturais para testar a estrutura fatorial proposta pelos autores da referida escala, e o instrumento foi também testado para validade convergente, consistência interna e fidedignidade teste-reteste. Os resultados indicaram que o modelo de três fatores teve um bom ajuste aos dados coletados na versão brasileira da ACME, retendo todos os itens originais, e sendo considerada consistente e válida para a população brasileira. A distribuição dos escores foi significativamente diferente da normal e mulheres obtiveram pontuações mais altas do que os homens em todos os escores desse instrumento. Por sua vez, o estudo de validação do Autism-Spectrum Quotient (AQ) teve um total de 329 participantes de diferentes regiões do país, sendo mantidos 262 após aplicados os critérios de exclusão. O instrumento foi testado por Análise Fatorial Confirmatória dentro de diversos modelos, para identificar a versão que apresentava melhor consistência interna. A versão final do AQ reteve 31 itens dentre os 50 originais, em três fatores, apresentando boa consistência interna, fidedignidade teste-reteste e forte correlação com o instrumento original. O escore total do AQ teve distribuição normal na população, e homens pontuaram mais do que mulheres no total e na subescala de (baixas) Habilidades Sociais. Normas para futura referência ao interpretar os escores na ACME e no AQ foram extraídas por sexo, considerando que foram encontradas diferenças significativas nas pontuações desses grupos, em ambos os instrumentos.