Experiência intergeracional e familiar sobre o puerpério de mulheres rurais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Joise Magarão Queiroz lattes
Orientador(a): Coelho, Edméia de Almeida Cardoso lattes
Banca de defesa: Ramos, Maria Natália Pereira lattes, Santos, Amália Nascimento do Sacramento lattes, Paiva, Mirian Santos lattes, Ferreira, Silvia Lúcia lattes, Marques, Patrícia Figueiredo
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF)
Departamento: Escola de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/40797
Resumo: O pós-parto para mulheres rurais é marcado por desafios moldados tanto pelas condições de vida no campo quanto pelas influências culturais transmitidas ao longo das gerações. Objetivou-se Resgatar a experiência do puerpério de mulheres rurais de diferentes gerações de uma mesma família e analisar as experiências intergeracionais no puerpério de mulheres rurais, segundo o sistema de crenças e valores que orientam os cuidados. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa desenvolvido sob o método etnográfico. Foi realizada na zona rural de um município do interior da Bahia. Participaram da pesquisa sete famílias de três gerações, avó, mãe e neta, totalizando 22 participantes, pois em uma família participou também a avó paterna. A produção do material empírico foi realizada mediante história oral temática, por meio de entrevista e da observação participante, esta ultima, direcionada à terceira geração, puérperas. A análise dos dados ocorreu por meio da técnica de análise de conteúdo, segundo Bardin. O estudo deu origem a três categorias empíricas e doze subcategorias. A primeira grande categoria aborda laços intergeracionais de apoio à mulher no pós-parto. Nessa, as parteiras se sobressaem como parte da rede de apoio à puérpera pela forte presença no parto e nas horas iniciais pós-parto de mulheres da primeira geração, as avós. Cada geração de mulheres contou com a ajuda de familiares no cuidado pós-parto, poucas citaram a participação do parceiro, destacando apenas alguma ajuda nos cuidados com o/a bebê. Na segunda categoria, o poder da tradição nos cuidados com o corpo e proteção da saúde do pós-parto, o repouso e a higiene ocuparam lugar central, orientado por valores culturais, tabus e saberes que atravessaram gerações. O tempo de retorno às atividades domésticas variou entre as gerações, sendo dependente da rede de apoio, permeados pelos cuidados e pelo receio com a “quebra do resguardo”. A terceira categoria, aleitamento materno, cuidados da/o bebê e proteção contraceptiva sob limites da atenção à saúde, revela a influência das experiências maternas no aleitamento ao longo de três gerações. As avós, da primeira geração e mães da segunda geração, amamentaram, sendo frequente o desmame precoce, em contraposição às netas, que se encontravam em aleitamento materno exclusivo. Orientações da rede de saúde sobre importantes cuidados, auto cuidado e cuidados com a/o bebê, estiveram presente nas narrativas de mulheres de terceira geração, puérperas, por ocasião da pesquisa. A cultura rural molda a experiência da maternidade de forma única, transmitindo saberes ancestrais de geração em geração. As mulheres valorizam práticas tradicionais no cuidado pós-parto, por confiança e como forma de fortalecer os laços familiares e comunitários. Embora as novas gerações tenham mais acesso à saúde formal, os valores culturais permanecem presentes, adaptando-se às mudanças sociais. A dificuldade de acesso à saúde no passado, especialmente para as avós, evidencia a necessidade, também na zona rural, de continuidade de políticas públicas, que garantam o cuidado às gerações atuais e futuras, bem como o cuidado integral à saúde da mulher, em todas as fases da vida.