Ilha de Maré vista de dentro : um olhar a partir da comunidade de Bananeiras/Salvador-Ba
Ano de defesa: | 2018 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
Instituto de Geociências |
Programa de Pós-Graduação: |
em Geografia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31699 |
Resumo: | Apresento aqui uma visão histórica da geografia do lugar de Ilha de Maré/BA, na perspectiva da comunidade quilombola pesqueira de Bananeiras, localizada no nordeste da Ilha, Região do Recôncavo Baiano, quadrante Nordeste da Baía de Todos os Santos. A história de Ilha de Maré se confunde com a própria história conhecida e não conhecida do Brasil, por se localizar onde a colonização brasileira foi iniciada - um porto seguro de terras férteis para a produção de terra e água. A Ilha é produto e produtora de dinâmica territoriais conflitivas com seu entorno. O seu povoamento, pós extermínio indígena, remonta aos negros escravizados fugidos dos engenhos, constituindo seu “lugar na Ilha”. Um dos ícones turísticos de Salvador/ Bahia, atualmente um bairro da cidade; outrossim, resiste hoje e a partir da década de 1950, como “zona de sacrifício” em nome do “desenvolvimento” baiano e brasileiro, por sua população ser absolutamente invisibilizada diante dos problemas decorrentes da industrialização do entorno, inaugurado pela implantação da Refinaria Landulpho Alves - RLAM, seguido pelo Terminal Marítimo de Madre de Deus - TEMADRE, Complexo Industrial de Aratu - CIA, Porto de Aratu e Complexo Petroquímico de Camaçari - COPEC. Devido à falta de políticas públicas voltadas à população tradicional quilombola e pesqueira, reconhecida pelo Decreto Federal n.º 6040/2007 da Política Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais - PNPCT, antes de tudo, população humana e cidadã do Brasil, as populações clamam por olhos que as possam ver e mãos que possam agir para lhes garantirem o direito à vida com saúde e dignidade. Os problemas da localidade vão da infraestrutura básica à insalubridade das águas do mar que dão seu sustento econômico, além do ar e da terra, deixando-os vulneráveis aos efeitos dos poluentes emanados pelas indústrias do entorno. Dentre as diversas produções intelectuais sobre o local, poucas são voltadas a dar voz aos moradores e que lhes subsidiem na busca por direitos e qualidade de vida, no enfrentamento entre desiguais em poder. Estamos diante de formas de apropriação do território usado por diferentes grupos, em uma área em cuja história de ocupação atesta a presença de centenas de engenhos de açúcar sendo hoje conformada por centenas de indústrias químicas e petroquímicas que manipulam produtos reconhecidamente de alta toxicidade humana e ambiental. O caráter conflitivo é gerador e fortalecedor de dinâmicas territoriais locais na luta pela sobrevivência. Diante da disputa territorial entre grupos que tem poderes diferenciados existem formas diferenciadas de enfrentamento pela manutenção do lugar, com estratégias próprias em defesa do território. Uma das formas de visibilizar as comunidades tradicionais, normalmente inexistentes nos mapas oficiais, que vem sendo aplicada com intensidade no Brasil é a metodologia das “cartografias sociais”, um processo de elaboração de mapas pelas mãos das próprias comunidades. Entretanto, com vistas a “dar voz à terra”, possibilitando uma horizontalização das informações locais da e sobre as comunidades, que resulta na elaboração de um terceiro conhecimento, fruto da fusão e não junção dos conhecimentos locais e acadêmicos sobre as comunidades e temas a serem cartografados, o Mapeamento Biorregional foi utilizado nesta pesquisa como base metodológica para compreensão das dinâmicas territoriais da comunidade tradicional de Bananeiras na perspectiva do território usado, pela comunhão e conflitos de territórios em disputa pela população de Ilha de Maré e complexo industrial, no tempo e no espaço, entre hegemônicos e hegemonizados, na visão da comunidade de Bananeiras |