(Re)leitura e tradução do horror em o Coração das Trevas e Apocalypse Now

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Bruno dos Santos
Orientador(a): Cruz, Décio Torres
Banca de defesa: Ramos, Elizabeth Santos, Novaes, Cláudio Cledson
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Letras
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/27554
Resumo: A presente dissertação aborda as relações intersemióticas entre a novela O Coração das Trevas (1899) e o filme Apocalypse Now (1979), dando ênfase à (re)leitura e tradução do horror operada no processo de adaptação. Seguindo algumas das teorias pós-estruturalistas, concebemos a prática da tradução como uma operação de leitura. Ao identificarmos as leituras conflituosas da obra de Joseph Conrad, que se inscreveram na pós-modernidade, principalmente com a emergência da crítica pós-colonial, buscamos compreender qual das perspectivas de leitura em conflito foi adotada por Francis Ford Coppola na composição do projeto fílmico de Apocalypse Now. Discutimos teoricamente a tradução intersemiótica enquanto leitura e como tomada de posição nesse embate de significações que emergiu de algumas décadas para cá em relação à novela em questão. Seguindo as novas abordagens no campo de estudos da adaptação de obras literárias para o cinema, nos debruçamos sobre aspectos históricos, sociais e discursivos que permitiram a reconfiguração da novela conradiana para o contexto da guerra do Vietnã, e como a obra fílmica buscou instaurar o efeito crítico instaurado por O Coração das Trevas no que concerne às diferentes formas de imperialismo (belga, inglês e, no caso do filme, norte-americano). Para a análise do horror em O Coração das Trevas e Apocalypse Now, buscamos mapear as principais definições do horror, analisar tanto os esforços críticos que buscaram posicioná-lo num horizonte teórico quanto a apropriação feita pela crítica literária, cinematográfica e psicanalítica dos textos que o evocam. Foi possível identificar como a noção de horror foi sendo historicamente reconfigurada, passando a ser concebida, sobretudo pela crítica literária e cinematográfica, enquanto um elemento atrelado às narrativas que buscam despertar em seus leitores/espectadores sensações que remetem ao medo. O fechamento dessa noção, promovido pelos estudos literários e cinematográficos, nos permitiu buscar caminhos teóricos que possibilitassem o desdobramento de seus sentidos, a compreensão de suas dinâmicas e a construção de novas possibilidades de interpretação das suas manifestações na literatura e no cinema. Por fim, analisamos o horror em ambas as obras literária e fílmica, de modo a compreender quais elementos narrativos estão relacionados a esse horror, bem como as convergências e divergências, tanto de sentidos como das relações narrativas, que se inscrevem no processo de releitura. Identificamos que em O Coração das Trevas o horror está associado ao nativo, à terra e ao imperialismo e que pertence à seara da experiência do homem branco nos trópicos, ou seja, nos lugares distantes de sua civilização. Em Apocalypse Now, o mesmo se relaciona à terra, à loucura e a guerra. Apesar de alguns deslocamentos no que concerne ao que o horror está atrelado, na novela e no filme, a experiência nos trópicos demonstra que o espaço colonial e o espaço do conflito são os lugares primordiais nos quais o horror se manifesta. Para além das ambivalências de sentido que se configuram na análise do horror em O Coração das Trevas e Apocalypse Now, discutimos como esse horror pode funcionar, para seus leitores/espectadores, como um elemento que os permita questionar experiências históricas e discursos de algumas potências ocidentais que promoveram ações de pilhagem e extermínio em espaços além de suas fronteiras.