Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Rosa, Crislane Palma da Silva
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Orientador(a): |
Serpa, Angelo Szaniecki Perret
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Banca de defesa: |
Serpa, Angelo Szaniecki Perret
,
Mano, Maíra Kubík
,
Barbosa, Jorge Luiz
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Geografia (POSGEO)
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Departamento: |
Instituto de Geociências
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/35720
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Resumo: |
A partir da repetida leitura de um excerto do poema escrito por Lande Onawale (1991), iniciei uma série de questionamentos acerca da presença de lésbicas e mulheres negras em espaços públicos. Afinal, quem pode beijar “sua preta em praça pública”? Há, por trás do poema, uma série de outros imperativos que compõem essa “Bandeira” e a mantém, mesmo após vinte anos, como um símbolo para a população negra. Como a Geografia poderia me ajudar a compreendê-la em profundidade? Ora, um dos caminhos trilhados nesta dissertação foi analisar como as relações sociais de sexo, de raça e de classe se reproduzem, tendo como premissa que: estas relações sociais são imbricadas, não havendo hierarquia entre elas; que, como afirma Carlos (2015, p.13), “as relações sociais se realizam na condição de relações espaciais”, logo, a partir da análise das práticas espaciais, seria possível encontrar indícios de como tais relações se materializam; e que as ausências podem ser tão reveladoras das práticas espaciais quanto as presenças, tornando-as um par dialético necessário para o desenvolvimento desta pesquisa. Através de levantamentos bibliográficos e de dados, entrevistas semiestruturadas, visitas de campo e registros fotográficos, busquei construir uma análise comparativa entre as práticas espaciais realizadas nas Praças Arthur Lago e Ana Lúcia Magalhães, em Pernambués e na Pituba, respectivamente, a fim de compreender como o par fragmentação-articulação do espaço urbano (CORREA, 1993) se reproduz em bairros fundamentalmente desiguais. Esta comparação, portanto, se constrói à medida que contextualizamos a formação histórica de cada bairro, inserindo-os no contexto soteropolitano, baiano e brasileiro, para demonstrar como as divisões do trabalho dividem o espaço desde o processo de acumulação primitiva do capital até a atualidade. A interpretação dos habitus, expressados pelas/os moradoras/es mediante os gostos de luxo e de necessidade, foi um instrumento central para uma aproximação dos recortes espaciais em questão, na busca por fazer uma leitura que não reduzisse a classe social à classe de renda, e não a reificasse perante as relações sociais de sexo e de raça. Nesse ínterim, os conceitos de território, territorialização, lugar e lugarização (SERPA, 2017, 2020), pensados pela perspectiva da imbricação das relações sociais, foram fundamentais para chegarmos à questão: há lugar para as mulheres negras? E retomarmos, por conseguinte, a questão inicial: quem pode beijar a sua preta em praça pública? |