Que corpos são esses que dançam? Reflexões acerca do “corpo ideal”, da “verticalidade imperiosa”, do hibridismo estético e dos elementos de brasilidade na criação de companhias nacionais contemporâneas.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Torres, Rosane Gonçalves de Almeida
Orientador(a): Martins, Suzana Maria Coelho
Banca de defesa: Martins, Suzana Maria Coelho, Pereira, Antonia, Rauen, Margarida Gandara
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Em Artes Cênicas -
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/18114
Resumo: Nesta dissertação, propus, com base no contexto histórico, analisar comparativamente os corpos que dançam a cena brasileira. O objetivo foi identificar a forma de apropriação do uso “verticalidade imperiosa” e “corpo ideal” como valores estéticos e perceber as formas de hibridismo corporal nos processos de criação da Dança Cênica brasileira. Observei ainda que, no período que compreende o século XVII até o século XX, configurou-se um tipo de corpo e dança condizente com os ideais e valores sócio-culturais de cada época destacada. A dança, como forma de pensamento de uma determinada época, carrega em sua estrutura e em seus movimentos marcas importantes de um contexto sócio-cultural. Para além desse fato, vi que também ela reflete seus ideais pela forma de sistematização técnica e, por sua vez, a dança produz padrões de movimentos específicos, vestimentas e outros elementos que, afinal, compõem seu universo. Esse conjunto de dados somado, quando classificado e identificado, certamente traz propostas estéticas distintas para a arte da Dança. A fim de desenvolver esta pesquisa, dividi, então, o estudo em três capítulos. O primeiro intitula-se Instituição da “Verticalidade Imperiosa” e “Corpo Ideal” para a Dança Cênica. Estudei ali a História da Dança Cênica que teve seu início no século XVII. A princípio, na corte francesa, a dança configurou um ideal de corpo coerente com os padrões de etiqueta social vigentes: corpos elegantes, esguios, refinado, distante do corpo “natural” encontrado na plebe. Como forma de poder e honrarias, a verticalidade do tronco desse corpo passou a ser ressaltada com uma postura física que ascendia ao alto, sugerindo poder, superioridade à qual denominamos “verticalidade imperiosa”. Seguindo a História, verifiquei que a estética do romantismo ampliará os conceitos de “corpo ideal” e “verticalidade imperiosa” em função da proposta de homogeneidade, busca de perfeição técnica e virtuosismo. ix No segundo capítulo, A Transformação dos Padrões Estéticos na Transição do Balé Clássico para a Dança Moderna, aprofundei os ideais de corpo. Tais ideais foram sendo modificados em função dos novos pensamentos do final do século XIX que influenciaram os meios sócio-cultural e artístico. E o corpo que dança foi sendo adaptados às novas propostas estéticas. O uso da verticalidade no tronco do bailarino também sofreu modificações, porque se adequou aos propósitos que a nova dança oferecia. Com a entrada da Dança Moderna foi possível também observar práticas híbridas no contexto criativo coreográfico, verificada inclusive no histórico do início da Dança Cênica no Brasil. No terceiro capítulo intitulado Os Corpos que Dançam a Cena Brasileira Contemporânea, analisei comparativamente três companhias brasileiras de Dança Contemporânea fundadas nas décadas de 1970, 1980 e 1990: o Grupo Corpo, da cidade de Belo Horizonte - MG, Quasar Cia. de Dança da Cidade de Goiânia – GO e Grupo Cena 11 Cia. de Dança da Cidade de Florianópolis – SC. Busquei identificar as relações estabelecidas nos processos coreográficos, com os conceitos e as suas respectivas transformações de “corpo ideal”, o uso da “verticalidade imperiosa” e a apropriação e manipulação de processos híbridos nas propostas estéticas de cada grupo selecionado. PALAVRAS-CHAVE: processos criativos, corpo, verticalidade, hibridismo corporal.