Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Candé Monteiro, Artemisa Odila
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Orientador(a): |
Espiñeira, Maria Victória |
Banca de defesa: |
Mattos, Wilson Roberto de,
Furtado, Claudio Alves,
Araújo Filho, Valdemar Ferreira de,
Espiñeira, Maria Victória,
Ferreira, Muniz Gonçalves |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Bahia
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Programa de Pós-Graduação: |
Coleções por área do conhecimento
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Departamento: |
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38994
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Resumo: |
Este estudo busca analisar o processo de construção da identidade nacional na Guiné-Bissau, observando a mediação das diversidades étnicas existentes no país, tendo como referência o período de 1959 a 1994. Constatamos que a construção da nação ou identidade nacional em vários países africanos, teve seu início com a ocupação europeia. A resposta dada a essa invasão em diversos países africanos foi o desencadeamento da resistência cultural e política contra essa ocupação. No caso particular da Guiné dita Portuguesa, a intensa organização para a descolonização teve seu marco a partir do Massacre de Pindjiguiti, em 1959, que impulsionou a via armada contra o regime colonial, tendo como dois grandes protagonistas Rafael Barbosa e Amílcar Cabral. O projeto de Cabral para a viabilização da independência nacional seria a unidade entre as, então, colônias portuguesas (Guiné-Bissau e Cabo Verde), o elo principal desta mediação é Rafael Barbosa, considerado nesse trabalho como um dos protagonistas do itinerário nacionalista bissau-guineense. Amílcar Cabral defendeu o seu projeto de unidade entre Guiné-Bissau e Cabo Verde com base na ligação histórica entre os povos. Mas, apesar de tais laços históricos, esses dois povos não se reconheciam mutuamente como um só povo. A concepção de nação de Cabral também postulava a unificação de todas as etnias de Guiné-Bissau, sem distinção cultural, num programa de consciência nacional para a liquidação do colonialismo, criando assim uma contra sociedade em oposição a sociedade colonial. Esta seria a concepção dada à nação num país cuja diversidade cultural teria identidade unificada sob interesses políticos nacionais. O objetivo desta tese é analisar o processo de construção da identidade nacional na Guiné-Bissau, observando como aparece o discurso de Amílcar Cabral de unidade nacional no contexto do discurso da identidade étnica, no período de luta de libertação nacional. Pudemos verificar que a concepção de nação de Amilcar está alicerçada na tradição ocidental, entretanto gravitando entre os conceitos de unidade e cultura, como alicerces principais da nação concebido como estratégia do enfrentamento. Finalmente, faz se um experimento de leitura crítica do projeto de unidade Guiné-Bissau e Cabo Verde, que tinha pouca viabilidade política de se concretizar, e constatamos que foram as contradições desenvolvidas durante a luta de libertação nacional no tocante à unidade binacional que permearam os bastidores da morte de Amilcar Cabral. Ainda observamos que tais contradições assombraram sobremaneira o período pós-independência que vai culminar com o golpe de Estado de novembro de 1980, que marca a ruptura da unidade binacional. Os contornos de abertura política multipartidária em 1994 também mereceram análise e seu desdobramento desenhou uma nova configuração política na nação bissau-guineense de Amilcar Cabral, quando as narrativas étnicas ganham nova roupagem diante das narrativas dos discursos nacionalistas no cenário político, originando a perda de prestígio da referida unidade nacional na política contemporânea bissau-guineense. |