A FARMÁCIA DO PASTOR MARTIN LUTHER KING JR.: POLÍTICAS DO AMOR COMO GESTOS SANATIVOS DE FERIDAS RACIAIS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Gomes, Danilo Ferreira lattes
Orientador(a): Santos, Lívia Maria Natália de Souza
Banca de defesa: Santos, Lívia Maria Natália de Souza, Santos, Leandro de Paula, Souza, Arivaldo Sacramento de
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Literatura e Cultura (PPGLITCULT) 
Departamento: Instituto de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37514
Resumo: O investimento intelectual que faço nesta pesquisa é numa discussão a respeito das políticas do amor do pastor Martin Luther King Jr. A pesquisa é do tipo bibliográfica, valendo-me do método dialético para estabelecer uma abordagem qualitativa e exploratória do corpus de pesquisa que selecionei, que é constituído por três livros do reverendo, a saber: A autobiografia de Martin Luther King (2014); A dádiva do amor (2020); e Por que não podemos esperar (2020). Assinalo como a militância do reverendo é fundamentada na tradição profética e libertária da igreja negra estadunidense, que, por sua vez, foi forjada por africanos na diáspora norte-americana que passaram a confessar a fé cristã, fazendo as recodificações próprias da heterogeneidade das identidades afro-diaspóricas. Penso a personalidade pública do pastor King a partir da triangulação ativista, poeta e profeta negro e informo como sua escolha ético-filosófica e metodológica pela resistência não-violenta no movimento pelos direitos civis da comunidade afro-estadunidense fundamenta-se teórica e taticamente, sobretudo, na satyagraha do líder indiano Mahatma Gandhi. A partir de uma breve remissão histórica das ações diretas de resistência não-violenta dos negros nos Estados Unidos, busco assinalar como a resistência não-violenta é exequível dentro da militância negra. Tendo em vista a ambiguidade e ambivalência das políticas do amor, invisto numa leitura de tais políticas a partir da noção de phármakon (DERRIDA, 2005), tentando mostrar como tais políticas, imbuídas desse caráter farmacológico, podem mobilizar um movimento de cura nesse nosso mundo racialmente fraturado. Busco ainda apontar que existe uma igreja negra brasileira que, ainda que bebendo nas fontes da igreja e da teologia negra estadunidense, precisa forjar sua própria teologia e agenda pública, devido aos desafios e peculiaridades endógenos. Por fim, aponto para a irrupção de uma insurgência negra dentro da igreja evangélica brasileira, assinalando as suas possíveis contribuições para o movimento negro contemporâneo. Para subsidiar epistemologicamente este empreendimento de pesquisa, aciono, numa trança interdisciplinar, a contribuição teórica de diversos intelectuais dos Campos da Teoria da Literatura, da Crítica Cultural, da Teologia, da Filosofia e das Ciências Humanas, Políticas e Sociais. Considerando a imperiosidade da vocalização dos sujeitos negros, diante dos silenciamentos a que são socialmente submetidos, o que também ocorre no âmbito acadêmico, com sua pretensa neutralidade, falo, em toda a dissertação, de maneira ensaística, em primeira pessoa.