Nos subterrâneos da história: institucionalização da psicologia na Bahia, no contexto da ditadura militar (1968-1980)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Rosane Maria Souza e
Orientador(a): Baiardi, Amílcar
Banca de defesa: Jacó-Vilela, Ana Maria, Santos, Alex Vieira dos, Rocha, Nádia Maria Dourado, Soares, Luiz Carlos, Baiardi, Amílcar, Cardoso, Lucileide Costa, Rebelo-Pinto, Fernanda
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Faculdade de Educação
Programa de Pós-Graduação: Ensino, Filosofia e História das Ciências
Departamento: Não Informado pela instituição
País: brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32472
Resumo: A pesquisa visa descrever e analisar o processo de institucionalização da Psicologia na Bahia, no contexto da ditadura militar, entre os anos de 1968 a 1980. Considerou-se: a influência que o contexto autoritário e as políticas de Estado para as áreas de educação e ciência exerceram sobre a formação e consolidação do curso de graduação em psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia; a recepção e apropriação da Análise do Comportamento e da Psicanálise por parte da comunidade acadêmica, naquele contexto político; e, as lutas e mobilização dos discentes e docentes frente às políticas de Estado. Trata-se de um estudo descritivo-analítico, que tem como referenciais teóricos os Estudos Sociais das das Ciências e a História da Psicologia. Adotam-se procedimentos metodológicos da História do Tempo Presente, utilizando-se da metodologia da História Oral e de Análise Documental para levantamento e análise de dados. Os resultados indicaram que as medidas adotadas pelo regime militar impactaram no processo de institucionalização e desenvolvimento da psicologia, enquanto campo disciplinar e profissional, na Bahia. As políticas educacionais implantadas pelos governos militares no âmbito da Educação produziram efeitos na demanda pela psicologia educacional, enquanto o interesse pela área industrial crescia a partir dos investimentos públicos que expandiram o polo industrial e tecnológico baiano. Houve uma prevalência da clínica, como área de estágio, em detrimento da área educacional e industrial. Demonstrou-se a forte influência do campo psiquiátrico sobre os rumos da psicologia, sob diversos âmbitos, inclusive formativos. Evidenciaram-se as condições sociais e políticas que possibilitaram a emergência da cultura psicanalítica na Bahia e sua influência na formação dos psicólogos, a partir da vinda dos psicanalistas argentinos, capitaneados por Emílio Rodrigué, e do psicanalista Carlos Pinto Corrêa, integrante do Círculo Brasileiro de Psicanálise de Minas Gerais. Destacou-se, no modo de recepção da Análise do Comportamento, o papel dos psicólogos formadores de análise do comportamento da Universidade de São Paulo na implantação do laboratório de Psicologia Experimental e na formação das primeiras gerações de docentes e analistas do comportamento da Bahia. Observou-se, ademais, que houve uma vigilância e tutela sistemática sobre a comunidade acadêmica de psicologia, que impactou na vida universitária e exigiu dos discentes e docentes da área organização da resistência para lidar com a tensão política e capacidade de enfrentamento na luta contra a ditadura militar. Tal cenário forjou um posicionamento político e socialmente ampliado entre os integrantes do movimento estudantil, naquele momento de intensa restrição e carências de toda ordem.