Sarcocystis bertrami em tecidos de equinos da Bahia: frequência de infecção, análise ultraestrutural e bioensaio em cães

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Marques, Caroline Dantas Primo lattes
Orientador(a): Gondim, Luís Fernando Pita
Banca de defesa: Gondim, Luís Fernando Pita, Dittrich, Rosângela Locatelli, Alves, Lêucio Camara, Munhoz, Alexandre Dias, Vogel, Fernanda Silveira Flôres
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal nos Trópicos (PPGCAT)
Departamento: Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/41144
Resumo: Equinos são hospedeiros intermediários de protozoários do gênero Sarcocystis, reconhecidamente das espécies S. bertrami (sinônimo: S. fayeri) e S. neurona. S. bertrami apresenta baixa patogenicidade para os equinos, associada, esporadicamente, à ocorrência de miosite; enquanto em humanos, tem sido relatada como possível responsável por quadros de toxinfecção após consumo de carne equina crua ou mal-passada, contendo cistos viáveis do parasito. S. neurona, por sua vez, é o principal agente da mieloencefalite protozoária equina (EPM), uma doença de curso neurológico que causa grande debilidade ao animal. O objetivo deste estudofoi caracterizar por métodos morfológico, ultraestrutural e molecular Sarcocystis bertrami em músculos de equinos obtidos no estado da Bahia. Bem como, a realização de bioensaio em cães para a avaliação morfológica e molecular das formas parasitárias de S. bertrami excretadas nas fezes caninas. Para a realização do estudo, foram colhidos de um frigorifico 245 fragmentos musculares (masseter, língua, esôfago, coração, diafragma e glúteo) de 51 equinos, os quais formam avaliados através de cinco diferentes técnicas como squash, maceração tecidual, digestão por pepsina ácida, histologia e microscopia eletrônica de transmissão - MET. A análise molecular dos tecidos foi direcionada para o marcador COX-1. Parte do tecidomuscular positivo para a presença de cistos foi administrada para os cães do bioensaio na proporção de 40 gramas/animal ao longo de três dias consecutivos. A avaliação molecular dos esporocistos obtidos a partir da excreção foi direcionada parao gene do 18S rRNA e ITS-1. Foi verificada uma frequência de 100% de infecção por S. bertrami nos equinos avaliados através da técnica de maceração tecidual. Na avaliação histológica visibilizou-se sarcocistos septados, dispersos de forma aleatória no interior das fibras musculares. Por meio da MET foi realizada uma avaliação ultraestrutural do cisto, o qual apresentava-se delimitado pela membrana ondulada do vacúolo parasitóforo, a camada granular com espessura variável dependendo da região de observação, e em algumas regiões, notavam-se projeções vilosas digitiformes inclinadas ou dobradas. Devido a essas características, o cisto foi classificado como tipo 11. A análise molecular das amostras de tecidos musculares individualizados observou-se até 99% de coverage/identidade com sequências de S. bertrami disponíveis no Genbank. Os cães dois infectados experimentalmente excretaram oocistos e/ou esporocistos por 13 e 47 dias, com períodos pré-patentes de 13 e 23 dias. Os esporocistos apresentavam dimensões semelhantes entre si, com tamanhos de 12,78 - 15,28 (14,19 ± 0,53) x 8,95 – 10,86 (10,06 ± 0,44) µm. A excreção de oocistos/esporocistos ao longo dos dias foi bastante variável e com uma quantidade média diária de 1,8 x103 esporocistos/µL. O sequenciamento obtido a partir do fragmento 18S apresentou 100% de coverage/identidade a sequências homólogas de Sarcocystis bertrami (S. fayeri) disponíveis no GenBank. A elevada frequência de infecção por S. bertrami em fragmentos musculares de equinos destinados ao consumo humano pode representar um risco à saúde pública, devido ao potencial enterotoxigênico deste parasito para humanos. Os cães atuam como importantes disseminadores do parasito no ambiente, fato comprovado no presente estudo, em que se verificou um padrão de excreção relativamente longo (47 dias), quando comparado a outras espécies de coccídios excretados por cães, como Neospora caninum e Hammondia heydorni, cujas patências são aproximadamente uma a duas semanas.